Levantamento de danos tem foco na cultura, turismo, lazer e esporte e também resultou no mapa interativo “Bens Tombados de Brumadinho”, que pode ser acessado via computador e celular. 

A Conectarect – Articulação de Redes e Saberes, uma das consultorias contratadas pela Aedas em Brumadinho, apresentou um levantamento de danos às atividades e serviços relacionados às manifestações culturais, às práticas e serviços de turismo, esporte e lazer causados pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. 

Dentre os danos levantados estão a estigmatização no território, paralisação de celebrações, queda na circulação de turistas, luto relacionado às perdas humanas e danos irreparáveis ao patrimônio histórico e natural. 

Cachoeira dos Carrapatos. Foto: Reprodução Banco de Imagens Consultoria.
Principais danos encontrados:  

Região 1: 

  • Paralisação de festejos e celebrações tradicionais, bem como feiras e outros eventos que movimentavam a cultura, o turismo, a economia e a renda nos territórios; 
  • Estigmatização dos territórios, devido ao medo, trauma, à contaminação do solo, ar e água, gerando interrupção na circulação de visitantes e no escoamento de produtos; 
  • Os efeitos do desastre enquanto processo na vida das pessoas atingidas afetou profundamente as redes de sociabilidade, modos de vida e cotidiano; 
  • Queda brusca na circulação de turistas, afetando a movimentação da cadeia econômica local; 
  • Danos irreparáveis ao patrimônio histórico material, imaterial, natural e arqueológico em diversos territórios de Brumadinho; 
  • Perda de importantes espaços de sociabilidade e lazer como o Rio Paraopeba, cachoeiras, áreas de mata nativa, trilhas, campos de futebol, quadras e outros espaços de uso coletivo; 
  • Deslocamento forçado de famílias, com graves efeitos sobre as relações sociais e vínculos com o território; 
  • Luto profundo relacionado às perdas humanas, gerando danos às redes de sociabilidade, saúde física e psicológica e nos modos de vida; 
  • Danos às comunidades quilombolas, ao patrimônio imaterial, cultura, compartilhamento de saberes e memória ancestral dos Povos e Comunidades Tradicionais; 
  • Danos relacionados a obras de reparação, como a construção de adutora para captação de água, destruindo um importante elemento do patrimônio histórico-cultural e arqueológico e gerando danos em cadeia ao patrimônio imaterial, à vida cotidiana, lazer e redes de sociabilidade. 

Para levantamento dos danos, foi considerada a divisão territorial de Brumadinho e também a divisão territorial utilizada pela ATI na Região 01, que é: Sede e Conceição do Itaguá, Zona Quente, Quilombos e Rurais, Ponte das Almorreimas e Casa Branca

Para apresentar os resultados do levantamento, foram elaborados materiais em linguagem acessível, como cartilhas, plataformas digitais, e relatórios mais amplos. Confira e baixe os materiais abaixo.  

Plataforma interativa 

Além de conferir os materiais em PDF é possível acessar a plataforma “O patrimônio como caminho para a reparação”. Nela você encontra o mapa interativo “Bens Tombados de Brumadinho” que pode ser acessado via computador e celular.

 

Acesse a página da plataforma clicando no botão abaixo.

Quando os estudos foram feitos? 

As consultorias técnicas especializadas contratadas pela Aedas realizaram os estudos entre junho de 2021 e abril de 2022.  

A contratação das consultorias especializadas por parte da assessoria técnica independente (ATI) é fundamental na identificação dos danos relacionados ao desastre sociotecnológico nos territórios atingidos, possibilitando o detalhamento desses danos através da escuta sensível das pessoas atingidas e das idas a campo. 

Para a coordenadora da área temática PCLE na R1, Gabriela Cavalcanti os diagnósticos realizados nas duas regiões foram fundamentais por terem levantado elementos que ajudam a identificar os danos coletivos e individuais nas áreas de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer.  

“Foi um desafio garantir a pesquisa em diferentes áreas do conhecimento, mas essencial para nos ajudar a visualizar como um dano encadeia outros. Estes resultados, por sua vez, contribuirão para a elaborar a Matriz de Danos Individuais Homogêneos, além de auxiliar na priorização dos projetos relacionados ao anexo 1.1 do Acordo”, explicou Gabriela. 

Metodologia 

O trabalho das consultorias teve início com reuniões de alinhamento com a Aedas e apresentação do Plano de Trabalho às Comissões de Atingidos e Atingidas. As metodologias utilizadas nos estudos foram construídas a partir do cruzamento de dados primários (direto com a fonte dos dados) e secundários (de dados de pesquisas e estudos anteriores). 

No âmbito das fontes secundárias, foram consultados documentos de instituições públicas e privadas. Também foram utilizados dados e informações fornecidas pela Aedas, tais como registros familiares, sistematização de espaços participativos (Grupos de Atingidos e Atingidas, Rodas de Diálogo e Seminários Temáticos), matriz emergencial de danos, mapas, produtos desenvolvidos por outras consultorias pertinentes às áreas do estudo, tabelas de sistematização de informações, dentre outros, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados.  

Já os dados primários foram coletados e organizados a partir de incursões a campo, privilegiando a percepção das comunidades atingidas no que diz respeito às práticas e serviços relacionados à Cultura, ao Patrimônio Cultural, ao Turismo, ao Esporte e ao Lazer.  

Quilombos
Estação Ferroviária de Marinhos. Foto: Reprodução Banco de Imagens Consultoria.

Os povos e comunidades tradicionais também fazem parte do estudo em Brumadinho. Dentre eles, as comunidades quilombolas de Marinhos, Rodrigues, Sapé e Ribeirão.

A Cultura, Esporte e Lazer como um direito! 
Vila Histórica Piedade do ParaopebaFoto: Reprodução Banco de Imagens Consultoria

Os direitos à Cultura, ao Esporte e ao Lazer são garantias ao bem-estar social previstas pela Constituição Federal de 1988 e regulamentados por legislações estaduais e municipais.  

Desse modo, olhar para os danos referentes às áreas de cultura, turismo, esporte e lazer torna-se imprescindível para um processo de reparação integral, considerando seus efeitos sobre os modos de vida, cotidiano, memória, identidade, vínculos e redes de sociabilidade, compartilhamentos de saberes entre gerações, dentre outros.  

Pode-se dizer que os danos a essas áreas estão correlacionados com outros eixos como saúde (física e emocional), economia, trabalho e renda, educação e com a dimensão socioambiental.  

Capela Ponte das Almorreimas, ao lado, obra de adutora. Foto: Reprodução Banco de Imagens Consultoria
Este material faz parte de uma coletânea de sínteses, extraídas de estudos e levantamentos dos danos realizadas pelas consultorias contratadas pela Aedas na Região 1.