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Em 10 anos de luta, a história das pessoas atingidas nunca se rompeu 

Dez anos depois do rompimento da barragem de Fundão, de responsabilidade das mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton, os danos deixados pelo maior crime socioambiental do país seguem profundos. As consequências econômicas e sociais nas comunidades ao longo da Bacia do Rio Doce materializam, na vida de quem permanece nos territórios, uma experiência dividida entre antes e depois do desastre-crime. É incontestável: entre vidas e jeitos de viver, muito se perdeu na última década. No entanto, através da história de cada pessoa atingida, muito mais se luta para reconstruir esse caminho. 

Dados do Registro Familiar do Programa Médio Rio Doce, coletados junto às famílias atingidas nas regiões do Vale do Aço (Território 3) e Leste de Minas (Territórios 6, 7 e 8), revelam que 89,92% das famílias assessoradas tiveram perda de renda após o rompimento. A renda média per capita despencou de R$ 525 para R$ 178. Uma perda que não é apenas numérica, ela representa o rompimento de modos de vida, de tradições culturais e produtivas. 

Pescadores(as), agricultores(as), barraqueiras, artesãs e trabalhadores que sustentavam a economia local viram seus meios de subsistência desaparecerem. As mulheres e jovens, especialmente as mulheres negras, acompanharam o aprofundamento de desigualdades históricas. 

Só que os dados também revelam caminhos de esperança. Mais de 90% das famílias afirmam querer políticas que garantam empregos, renda e retomada da produção local. As pessoas atingidas lutam por aquilo que sabem que é direito acessar.  

A luta por soberania popular e valorização das formas tradicionais de viver e trabalhar estão, hoje, como uma pauta sólida junto aos movimentos sociais organizados. 

O novo acordo de reparação, firmado em 2024 entre o governo federal, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e as mineradoras responsáveis, tem marcado também uma nova etapa no processo de reparação.  

O desenho das políticas de reparação inclui instrumentos de participação social (Conselhos Federais e Estaduais) que permitem o acompanhamento direto das pessoas atingidas, garantindo maior transparência e controle popular sobre as medidas implementadas. O direito ao instrumento da Assessoria Técnica Independente também está firmado, por mais quatro anos, pelo novo acordo. 

Além disso, o Programa de Transferência de Renda (PTR), Projetos Comunitários e Fundos Populares de reparação estão entre demandas históricas e, agora, materializada neste momento da reparação.   
 
São vivências, entre lutas e conquistas, que a campanha “10 anos de luta. Essa história não se rompe” destaca. Uma década já se passou e outra década virá, com o povo atingido afirmando sua voz, sua memória e seu direito à justiça. Porque não há reparação verdadeira sem que o povo volte a viver do próprio trabalho, de suas águas e de seus territórios. Essa história não se rompe. 

Nesta edição você vai acompanhar:

Pág. 03. Agentes Multiplicadores ampliam debate sobre projetos comunitários no Médio Rio Doce

Pág. 04. Programa para Mulheres é Conquista das Atingidas!

Pág. 05. Linha do tempo da Luta das Mulheres Atingidas na Bacia do Rio Doce

Págs. 06-10. Especial “Nossa História de Mobilização Não se Rompe!”  

Pág. 11. Calendário Cultural Novembro e Dezembro 2025

Pág. 12-13. Informe Barra Longa: Aedas Inicia Novo Ciclo de Atuação em Barra Longa com Foco na Reparação e Protagonismo das Pessoas Atingidas

Pág. 14. Mapeamento de Povos e Comunidades Tradicionais do Médio Rio Doce: Da Invisibilidade ao Reconhecimento

Pág. 15. Pessoas Atingidas Participam de Conferências de Saúde, Assistência Social e Políticas para Mulheres

Leia a 7ª edição do Jornal Territórios: