Territórios do Leste indicam seus representantes para sistema de governança em etapa de consolidação das Comissões Territoriais
Na Assembleia desta quarta (29), as pessoas atingidas presentes decidiram que a Comissão Territorial do Território 7 (Resplendor e Itueta) será paritária e contará com 24 representantes, sendo 12 representantes de cada município

Na noite desta quarta-feira (29), aconteceram as etapas de consolidação das Comissões Territoriais do Leste de Minas. No território 7, Resplendor e Itueta; e território 8, Aimorés, as atividades reuniram pessoas atingidas que buscam por participação mais ativa nas decisões a respeito da reparação dos danos deixados pelo rompimento da barragem de Fundão. Assim como ocorreu nas Assembleias Municipais, a Associação de Defesa Ambiental e Social (Aedas) realizou o credenciamento das pessoas atingidas. O território 6, Conselheiro Pena, também cumpriu essa etapa realizando a escolha de seus representantes na terça-feira (28).


Estes espaços fazem parte da metodologia adotada para escolha dos representantes para a consolidação do sistema de governança na Bacia do Rio Doce, que é previsto no TAC-Gov. Desde o mês de outubro, os espaços de participação e discussão são realizados nos territórios do Vale do Aço e Leste de Minas. O encontro contou com a presença de Luiza Linhares Costa, assessora do grupo de trabalho de barragens do Ministério Público Federal (MPF) e da Policia Militar de Minas Gerais.
Na Assembleia desta quarta (29), as pessoas atingidas presentes decidiram que a Comissão Territorial do Território 7 (Resplendor e Itueta) será paritária e contará com 24 representantes, sendo 12 representantes de cada município. Desta forma, a comissão se constrói de forma plural e representativa.
Para a atingida de Itueta, Renem Ramesia Xavier, a Comissão junto com o trabalho da assessoria técnica são elementos de esperança para participação de todas as pessoas atingidas. “A gente tem muita esperança na assessoria técnica juntamente com a comissão, elas vão nos ajudar bastante. Com as comissões, o povo vai estar participando, vai estar decidindo, então ninguém vai decidir nada sozinho. Isso aí é muito importante. Participação de todos. A gente consegue decidir as coisas melhores para nossa cidade. Isso é muito importante”, disse.

Já o pastor Samuel Tetzner, atingido e presidente do Conselho de Pastores de Itueta, destaca que o município tem suas particularidades e isso deve ser observado em futuras ações na reparação. “Nossa realidade não é a realidade de Aimorés, não é a realidade de Colatina, por exemplo, ou de Conselheiro Pena. Cada cidade tem uma realidade. Nós, aqui em Itueta, até hoje, os caminhões estão puxando água para nós. Por quê? Porque veio a represa, tudo ficou estacionado aqui nas nossas regiões, aqui, Resplendor e Itueta as demais não estão sofrendo isso aí. Então a lama está aí no Rio Doce. Eu espero que agora uma nova atitude seja tomada”, pontou.
Acompanhando o processo, Yana Lizardo, coordenadora da área temática de Economia, Trabalho e Renda do Programa Médio Rio Doce da Aedas, destaca a importância da representação para a luta por direitos das pessoas atingidas. “A gente espera que as pessoas atingidas representadas nos territórios 6, 7, e 8 sejam de fato ouvidas, sejam representadas nessas instâncias da governança. Que se se sintam participantes desse processo da reparação, que eles sejam os atores principais desse processo que é o mais importante disso tudo”, afirma.

A representante do Povo Pury da sede de Resplendor, Marú Orotum Purí, Maria José Batista, foi uma das escolhidas como representante para a comissão territorial do Território 7 e destaca o que espera de avanços para as reivindicações da Bacia. “Há muitos anos, sou moradora de Resplendor, há muitos anos também faço parte da etnia Pury nesse trabalho que é longo. Para mim é muito gratificante fazer parte, agora, também da comissão territorial. E nós esperamos que, assim como nós já tivemos um grande avanço de 2015 para cá, que a gente possa continuar tendo esse avanço em prol de todo o nosso povo e que as coisas possam ocorrer cada dia melhor, não é? Estamos a par de que a luta não é de um de um só, mas de todos.”, finaliza.
TAC-Gov e representatividade
O fechamento desta etapa de definição para o sistema de governança é importante para que as pessoas atingidas pudessem pensar em forma de organização mais representativas e diversas, já que cada território vivência danos comuns, mas também únicos deixados pelo rompimento da barragem de Fundão. Nas comissões territoriais estão definidas a presença de pessoas brancas, negras, pardas, povos e comunidades tradicionais, mulheres, homens, jovens e idosos.

Encontro da Bacia
O Encontro da Bacia, previsto para ocorrer no próximo sábado (2) de dezembro, em Governador Valadares, teve sua data adiada.
Leia a nota na íntegra da Aedas sobre o adiamento:
O Encontro das Comissões Locais Territoriais da Bacia do Rio Doce e Litoral Capixaba teve sua realização adiada para uma nova data, a ser alinhada em breve entre Instituições de Justiça, Flacso (instituição responsável pela execução do Orçamento Atingido) e assessorias técnicas independentes que atuam no caso do rompimento da barragem de Fundão, na Bacia do Rio Doce. O encontro, que aconteceria no município de Governador Valadares, foi adiado pela necessidade de maior período de tempo para garantias estruturais e logísticas do evento.
Esta atividade é a etapa final do processo de implementação do TAC-Gov, e tem como objetivo reunir todas as lideranças eleitas para o sistema de governança de Minas Gerais ao Espírito Santo.
A Associação de Defesa Estadual e Ambiental (Aedas) se compromete, junto aos 15 municípios assessorados no Médio Rio Doce, a trazer as informações após confirmação de nova data para realização do evento.

Texto: Mariana Duarte e Thiago Matos – Equipe de Comunicação Médio Rio Doce