Instituições de Justiça definem condições de continuidade da ATI para ações previstas no Acordo Judicial em Termo de Compromisso
DECISÃO. Termo formaliza definição das IJs sobre limite de recursos financeiros, tempo e escopo mínimo de atuação das Assessorias Técnicas Independentes da Bacia do Paraopeba.

Visita de técnicos da Aedas na comunidade do Tejuco (Brumadinho) | Foto: Felipe Cunha
Nesta segunda-feira, (17), foi assinado o Termo de Compromisso entre as Instituições de Justiça (IJs) e as Assessorias Técnicas Independentes (ATIs).
O termo formaliza a definição das IJs sobre limite de recursos financeiros, tempo e escopo mínimo de atuação das assessorias, além da distribuição dos recursos para as regiões da Bacia do Paraopeba, destinados para exercício do direito das pessoas atingidas à Assessoria Técnica Independente as ações previstas no Acordo Judicial.
O valor máximo definido é de R$ 150 milhões para o prazo de 30 meses, distribuído entre as 05 regiões.
Esta decisão é importante por permitir uma organização da gestão e previsibilidade da estruturação e atuação em campo, mas mantém o corte de aproximadamente 50% no orçamento previsto para o Plano de Trabalho aprovado, consequentemente, restringindo o direito das pessoas atingidas e a capacidade de atuação das Assessorias Técnicas Independentes nas ações previstas no Acordo Judicial.
O valor foi distribuído da seguinte forma:
Região 1: 21%
Região 2: 25%
Região 3: 23%
Região 4: 10,5%
Região 5: 20,5%
Para acessar o Termo de Compromisso, clique no PDF abaixo:
Acompanhe o histórico de diálogos sobre o tema
As Instituições de Justiça realizaram alguns momentos de diálogos com as Entidades que prestam assessoria sobre a elaboração de um novo Termo de Compromisso. A assinatura deste Termo foi apresentada pelas IJ’s como condição para a continuidade das atividades prestadas pelas assessorias nas regiões da Bacia do Paraopeba.
Com a assinatura deste Termo, as ATIs terão um prazo de 60 dias para readequação dos atuais Planos de Trabalho.
Veja a linha do tempo:
11/01/2023 – IJs pedem que a CAMF Lataci analise os critérios técnicos sobre a distribuição de recursos entre as ATIs e indique eventuais possibilidades de novos critérios para redistribuição dos recursos no prazo de 3 meses.
24/02/2023 – IJs solicitam a CAMF Lataci que elabore um Estudo de Pertinência das atividades e seus respectivos custos previstos nos Planos de Trabalho do Acordo até o dia 15 de maio. A Aedas é comunicada sobre este estudo em abril.
27/02/2023 – Aprovação dos Planos de Trabalho 05 do Acordo da Aedas.
01/03/2023 – IJs comunicam, em resposta a ofício das ATIs sobre o Plano de Trabalho do Processo, a redução do orçamento semestral em 50% dos Planos de Trabalho do Acordo aprovados anteriormente.
09/03/2023 – IJs protocolam os Planos de Trabalho do Processo das ATIs e os documentos solicitados à CAMF Lataci em dezembro. De acordo com o estudo da CAMF Lataci, as regiões deveriam receber como saldo remanescente os seguintes valores: Região 1: R$ 6.610.134,21; Região 2: R$7.547.162,73; Região 3: R$2.279.974,43; Região 4: R$2.624.953,67; Região 5: R$ 6.552.212,89.
09/05/2023- Centenas de atingidos de todas as regiões da Bacia do Rio Paraopeba compareceram à audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte. A audiência foi realizada na Comissão de Administração Pública. Na ocasião, atingidos e atingidas, parlamentares, assessorias técnicas debatem o cortes de recursos para as ATIs e os impactos aos direitos dos atingidos. Atingidos dos territórios relataram insegurança diante da instabilidade financeiras das ATIs e da falta de garantia de recursos para os próximos anos.
31/05/2023 – CAMF Lataci entrega o estudo de pertinência às Instituições de Justiça.
15/06/2023 – IJs convocam ATIs para informar o teto de gastos para o PT Acordo. Dá-se início a discussão sobre o Termo de Compromisso. Na primeira reunião, as IJs informam três decisões que foram tomadas conjuntamente pelas instituições: 1) 150 milhões para 30 meses; 2) Não existe concordância com a atual distribuição de recurso entre as Regiões, indicada no estudo da antiga CAMF. Sendo necessário um novo estudo, a ser apresentado pela CAMF/Lataci; 3) Só tem uma nova liberação de valores após a assinatura do Termo de Compromisso.
22/06/2023 – Reunião de comissões para atualizações sobre as discussões relativas ao Plano de Trabalho do Acordo: Repasse sobre o Teto Global definido pelas IJs para os Planos de Trabalho do Acordo das ATIs.
27/06 e 06/07/2023 – Reunião de comissões para atualizações sobre as discussões relativas ao Plano de Trabalho do Acordo. Repasse sobre a entrega do Estudo de Pertinência da CAMF.
29/06/2023 – A pedido das Comissões, o Estudo de Pertinência elaborado pela CAMF é encaminhado pela Aedas para as pessoas atingidas. Um ofício é enviado para a CAMF Lataci solicitando apresentação do estudo.
07/07/2023 – Reunião entre as ATIs, CAMF e IJs. IJs apresentam a proposta de nova distribuição de recurso entre ATIs, optando por um dos dois cenários apresentados pela CAMF Lataci.
11 e 12/07/2023 – Última reunião entre as ATIs, CAMF e IJs. Após todo o ciclo de discussões, as ATIs aguardam conclusão do Termo de Compromisso, com deliberação pelas Instituições referente a divisão de recursos para as regiões. Após, as assessorias retomarão a elaboração dos novos Planos de Trabalhos com participação dos atingidos. IJs apresentam nova distribuição de recurso entre as ATIs que não foi consensuada. Região 1: 24,11%; Região 2: 27,21%; Região 3: 22,35%; Região 4: 10,28%; Região 5: 16,06%.
13/07/2023 – IJs informam decisão, sem apresentação de critérios, sobre nova distribuição de recursos, sendo: Região 1: 21%; Região 2: 25%; Região 3: 23%; Região 4: 10,5%; Região 5: 20,5%. O termo segue em discussão.
17/07/2023 – Assinatura do Termo de Compromisso que formaliza a definição do limite de recursos financeiros, tempo e escopo mínimo de atuação das ATIs.
Consequência do corte
Como consequência do corte orçamentário, a Aedas efetuou o desligamento de mais de 80 trabalhadores ainda no primeiro semestre de 2023 e precisou reestruturar a metodologia de atuação da assessoria e a própria organização interna da entidade, para garantir a atuação no território buscando construir, junto com as pessoas atingidas, as condições de lutar pela Reparação Justa e Integral.