Em Mário Campos, Sinavalu criou sua própria casa de Santo, cumprindo com suas obrigações de cuidar e orientar seus filhos de Santo

Sinavulu Tupã Queu’anzaba, mulher mãe e guerreira, descendente da casa de Bernardino, da Raíz de Angola do Bate Folha, que faz parte da Nação do Candomblé de Angola-Muxicongo. Tem 46 anos de iniciada e é tataraneta de Bernardino, neta de Yaloyá e filha de Embanda.
Natural de Belo Horizonte, mudou-se para Mário Campos em 2011 por questões de problemas familiares. Perdeu seu filho por assassinato e quis respirar ares diferentes para refazer e renascer numa nova vida. Em Mário Campos criou sua própria casa de Santo, tocava seu candomblé, fazia suas reuniões, cumprindo com suas obrigações de cuidar e orientar seus filhos de Santo.
O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão afetou tragicamente sua vida até hoje. Naquele 25 de janeiro, sua casa estava cheia e, no dia seguinte, haveria uma comemoração. Entretanto, muitos dos presentes se amedrontaram com o cenário deixado pela lama de rejeitos e foram embora.
“Mas é preciso ter força, é preciso ter raça”
Depois da tragedia, Sinavulu deixou de confiar nas qualidades de suas águas, inclusive da água de sua cisterna de 22 metros com medo da contaminação.
Se não bastasse toda violência sofrida por aquele crime ambiental, teve sua casa desmoronada em decorrência de fortes chuvas e do tráfego dos caminhões, pois sua residência estava próxima a duas mineradoras.
Hoje, Sinavulu reconstrói uma nova vida em Sarzedo, na casa de uma filha de Santo. Ela caminha na esperança de que dias melhores virão. Deseja, resiste e luta pela recuperação de suas águas, árvores e ar, pois “se você não tem água protegida, se você não tem plantas protegidas, você não tem a cura. A gente que é do Santo não perde a fé e vai tentando superar”.
Texto: Felipe Cunha

Essa e outras histórias foram destaque da 14ª edição do jornal Vozes do Paraopeba. Clique aqui para acessar.