Os Seminários Temáticos de Mulheres marcam mais um ciclo de espaços participativos promovido pela Aedas junto às pessoas atingidas. O objetivo principal é promover momentos de discussão focados na participação informada das mulheres atingidas sobre o Anexo 1.1, que trata sobre governança popular, e na construção da Matriz de Danos e Reconhecimento. 

Foto: Rurian Valentino.

Entre os dias 22 de março ao dia 02 de abril, foram realizados cerca de 14 seminários, sendo seis na Região 1, no município de Brumadinho, com um exclusivo para as mulheres quilombolas. Na Região 2, foram realizados seminários em cada munícipio (Betim, Igarapé, Juatuba, Mário Campos, São Joaquim de Bicas) e um exclusivo para as mulheres atingidas que fazem parte dos Povos e Comunidades de Tradição Religiosa de Matriz Ancestral (PCTRAMA).

No dia 26 de março, em Igarapé, cerca de 35 mulheres e 16 crianças das comunidades de Bervely, Santa Ana e Brejo participaram de seminário presencial. Já no dia 02 de abril, na comunidade quilombola de Ribeirão, cerca de 14 mulheres e 15 crianças das comunidades quilombolas de Ribeirão, Rodrigues e Sapé participaram do seminário presencial. Além das atividades presenciais, também foram realizados seminários virtuais. A soma das duas formas de realização dos seminários temáticos reuniu cerca de 106 mulheres na R1 e 180 mulheres na R2.

Foto: Wagner Paulino.

Em conversa com a equipe de monitoramento de gênero, alguns pontos foram destacados como ação positiva depois da realização dos seminários:

– O retorno as atividades presenciais evidenciaram que as mulheres conseguiam identificar a equipe de Gênero como equipe específica para trabalhar no levantamento e na qualificação dos danos em relação a vida das mulheres. “De certa forma aconteceu um reconhecimento da equipe e do trabalho que a gente vem realizando. Uma aproximação mesmo da equipe com as mulheres atingidas e com suas principais pautas e demandas”, contou Thacya Silva, da equipe de monitoramento de gênero da Aedas. 

– Durante os Seminários Temáticos, a equipe conseguiu fazer uma sinalização dos cronogramas do Anexo 1.1 e da Matriz, explicou de modo introdutório sobre os Agentes Multiplicadores (AGM) e perceberam que as mulheres chegaram nos espaços com um pouco mais de conhecimento do processo.

– Foi atendida a demanda de ter um espaço específico para as mulheres e muitas delas puderam compartilhar informações diversas que, em ambiente misto, não se sentiram confortáveis para fazê-lo.

– Foi gerada uma expectativa nas mulheres de ter outros momentos como esses, de aprofundar alguns debates, de se sentirem mais acolhidas, mais ouvidas em suas particularidades.

– Na formação das AGM, incluído o Seminário Temático, as mulheres se colocaram, se identificaram, “eu estive lá”, “eu participei” Foi importante elas se verem nesse processo do anexo 1.1 (isso precisa ser explicado na introdução do texto, em nenhum lugar antes diz que o seminário debateu o 1.1), não somente como coletivo atingido, mas como mulheres atingidas.

– Durante o diálogo sobre as estruturas e o fluxo dos projetos, muitos temas novos apareceram nas falas das mulheres: exemplos de projetos vinculados a grupos, associações de mulheres, ou possibilidade de projetos que atendam a pautas de mulheres, grupos de artesanatos, costureiras trabalhos que majoritariamente são desenvolvidas por mulheres, ou demandas de mulheres como por exemplo, a pauta da creche ou locais de acolhimento para as crianças, ou nos projetos produtivos para grupos de mulheres.

“Acreditamos que o Seminário temático provocou a reflexão sobre questões específicas. Acreditamos que as mulheres ganharam força, e as suas falas também ganharam força nessas reivindicações pós ST”, finalizou Rosangela Piovizani Cordeiro, da equipe de gênero.

Foto: Rurian Valentino.