Seminário Temático: participação e fortalecimento das mulheres atingidas

Mais um ciclo de espaços participativos foi promovido pela Aedas junto às pessoas atingidas, os Seminários Temáticos de Mulheres. O objetivo principal é promover momentos de discussão focados na participação informada das mulheres atingidas sobre o Anexo 1.1, que trata sobre governança popular, e na construção da Matriz de Danos e Reconhecimento. Mulheres de diversas áreas de atuação, diferentes etnias, diferentes personalidades, diferentes gerações, realidade cultural e econômica, porém atravessadas pelo mesmo 25 de janeiro de 2019.
Os seminários de mulheres foram iniciados no dia 22 de março e serão realizados até o dia 02 de abril. São 12 seminários, sendo seis na Região 1, no município de Brumadinho, com um exclusivo para as mulheres quilombolas. Na Região 2, foi realizado um seminário em cada munícipio (Betim, Igarapé, Juatuba, Mário Campos, São Joaquim de Bicas) e um exclusivo para as mulheres atingidas que fazem parte dos Povos e Comunidades de Tradição Religiosa de Matriz Ancestral (PCTRAMA).
Seminários Presenciais

No dia 26 de março, em Igarapé, cerca de 35 mulheres e 16 crianças das comunidades de Bervely, Santa Ana e Brejo participaram de seminário presencial. Os seminários estão dentro da metodologia dos Ciclos de Debate, que têm a proposta de debater os danos identificados para a construção da Matriz de Danos e Reconhecimento.
“As mulheres são a maioria em todos os espaços participativos que realizamos até o momento. São elas que tem protagonizado um imenso trabalho de denúncia das violações de direitos e construído soluções para melhoria da qualidade de vida em seus territórios. Ao mesmo tempo, são elas que sofrem de forma mais profunda os danos decorrentes do desastre sociotecnológico”, revela Nara Pinilla, da equipe de monitoramento de gênero da Aedas.

“Vamos unir mais”
Os Registros Familiares feitos pela Aedas entre 2020 e 2022 mostram que mais de 70% das mulheres são as referências familiares no território. Lucimar Pereira, mulher atingida e integrante da comissão, evidenciou que a participação feminina é mais forte, mas que pode ser fortalecida. “Se a gente unir mais para participar, eu acredito que seremos mais ouvidas, nossa voz terá mais força. Estou convocando outras mulheres, vamos unir mais”.

Raça e Gênero
O Registro Familiar feito pela assessoria também revela que 51% das pessoas atingidas são mulheres ou meninas. Direcionado para alguns grupos sociais, chegamos a 55% de mulheres e meninas que se declaram pretas e pardas no município de Brumadinho e 62% nos municípios da Região 2.
“Os Seminários Temáticos apontaram a necessidade de colocar as questões de raça e gênero na centralidade do processo de reparação integral, especialmente na construção da Matriz de Danos e Reparação e na governança popular”, finalizou Nara Pinilla.