A segunda-feira, 26/08, foi um dia diferente para as pessoas atingidas de Itatiaiuçu. Representantes da Comissão de Atingidos e Atingidas foram convidados para participar do Encontro Nacional de Atuação do Ministério Público em Apoio Comunitário, Inclusão e Participação Sociais, Combate à Fome e à Pobreza e contar suas histórias sobre o processo de reparação no município. No encontro também foi possível formular proposições, junto aos atingidos e às atingidas de outros territórios afetados pela mineração e grandes empreendimentos, no intuito de orientar e aprimorar a atuação do Ministério Público a partir da escuta ativa das comunidades e a sua efetiva participação na construção da reparação integral. O evento foi realizado no Palácio das Artes em Belo Horizonte e contou com a participação do atingido José Roberto Pereira Candido (Zezé), da atingida Patrícia Lacerda Mont Mor, do assessor jurídico da Aedas, Daniel Lopes, além de procuradores(as) e promotores(as) do MP.

O encontro, além de ter o objetivo de discutir e fortalecer ações voltadas para o apoio comunitário e a inclusão social, também lançou o GNA-Social, uma iniciativa voltada para a ampliação das ações sociais do Ministério Público. Ainda no evento, foram celebrados os 15 anos do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Apoio Comunitário, Inclusão e Mobilização Sociais (CAO-Cimos), que acompanha o processo de reparação em Itatiaiuçu.

Durante as exposições, o atingido José Roberto Pereira Candido (Zezé) contou sobre o caso de reparação em Itatiaiuçu e a importância do acompanhamento dos Ministérios Públicos nas mesas de negociação: “Em Itatiaiuçu sentamos junto com o MP,  discutimos as coisas, falamos o que a gente sofreu, organizamos a comunidade em Grupos de Base, grupos temáticos, valoramos as nossas perdas. Junto do Ministério Público conseguimos falar o que sofremos e o que a gente queria”.

O assessor jurídico da Aedas, Daniel Lopes, também foi convidado a falar e chamou atenção para a lama invisível e os danos ambientais que os territórios atingidos sofrem: “A lama invisível é latente. Em Itatiaiuçu é a ameaça mais constante. Isso se vê também no distrito de Antônio Pereira, que é muito vulnerável. Sobre a lama invisível, nunca é reconhecido o dano ambiental e é importante ter atenção a este ponto, também à continuidade dos danos, que é algo que nos acordos firmados fica difícil de propor e acessar. Temos que voltar a isso e discutir estes danos”, finalizou Daniel Lopes.