Conquista contou com apoio técnico da Aedas, que assessora a região atingida

Foto: Felipe Cunha/Aedas

O Quilombo Sanhudo, localizado na comunidade do Tejuco, em Brumadinho, foi reconhecido e certificado pela Fundação Cultural Palmares, na última semana. A conquista dos quilombolas, residentes na comunidade atingida, teve o apoio técnico da Aedas e dos mandatos das deputadas Célia Xakriabá e Bella Gonçalves.

A presença dos quilombolas no território remonta uma história de mais de 300 anos, perpassando pela história da comunidade, desde o tempo de abundância de água e de belas paisagens naturais até os dias atuais, com o convívio diário com as consequências negativas provocadas pelas mineradoras que exploram a região. Situação agravada pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, que completa 5 anos nesta quinta-feira (25/01).

O quilombola Evandro França de Paula, o Vandeco, liderança da comunidade, relembra da paisagem que contemplava em sua infância e revela o quanto ela foi modificada pela mineração. “Minha infância foi muito gostosa. Aquilo lá que era infância! Hoje não. Hoje é meio difícil falar que uma criança, ainda mais nascida no Tejuco, tem infância, porque a mineração chegou, detonou e acabou com tudo”, afirmou.

Nas últimas décadas, a mineração modificou de forma irreversível a paisagem da comunidade (Foto: Diego Cota/Aedas)

Ele explicou como a Aedas contribuiu no processo de reconhecimento da comunidade. “Até então ninguém sabia o que que era, o que significava ser quilombo e o que isso poderia beneficiar. Foi através da Aedas que trouxe essa informação pra nós, foi quando nós começamos a buscar esse reconhecimento”, disse.

A certificação enquanto quilombo é, para Vandeco, uma forma de resistir no território contra as violações da mineração e de reaproximar das raízes familiares.

“Acho que vai vir bem a calhar (o reconhecimento), porque estamos sendo violados de todas as formas. E não só por causa disso, o registro que a gente deixou de entender que era a nossas raízes, a nossa árvore genealógica, que até então a gente não se dava conta. Tem irmão que a gente ficou vários anos sem se ver. Então, com isso trouxe essa alegria também, de a gente se juntar de novo, se abraçar, lembrar do passado, da nossa vivência”, contou.