4 anos de lama invisível: reparação integral é reparação para todos(as)! 

Este foi o grito que ressoou no encontro realizado pelos atingidos e atingidas pelo PAEBM da ArcelorMittal em Itatiaiuçu, em conjunto com a Assessoria Técnica Independente da Aedas, nessa quarta-feira, 8 de fevereiro. O encontro foi na Praça de Pinheiros,  mesmo local onde a comunidade foi reunida no dia do acionamento do PAEBM, para se proteger de um possível rompimento da barragem. 

O dia 8 de fevereiro marca 4 anos do acionamento do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) da ArcelorMittal, quatro anos de luta por uma reparação integral. O objetivo do encontro foi relembrar os desafios e conquistas do povo atingido de Itatiaiuçu ao longo desses 4 anos de lama invisível. 

Durante o encontro, as pessoas atingidas relembraram o dia 8 de fevereiro de 2019, como se sentiram, expressaram as dificuldades no processo de reparação, mas também falaram sobre as conquistas nestes 4 anos de luta: “Eu tenho que ficar provando para a Arcelor que eu morava e que estava aqui no dia do acionamento, eu dei entrevista pra TV, aqui nesta mesma praça, no dia 08 de fevereiro de 2019. Podem procurar no Youtube. A mineradora fica negando coisas, mas a gente vai continuar lutando e provando tudo, tudo que sofremos, tudo que perdemos”, explicou a atingida Marlene da comunidades de Pinheiros.

Em outras momentos os atingidos e atingidas relembraram seus sonhos de quando compraram suas casas em Itatiaiuçu, a luta para realizar estes sonhos e como tudo agora não fazia sentido: “Como todos, eu sempre fui uma pessoa que sonhei, planejei, acho que o objetivo de todo mundo na vida é planejar para ter alguma coisa no futuro e nos anos 2000 eu consegui realizar meu sonho que era comprar um sítio aqui, e hoje não posso mais ir ao meu sítio. Até 2019 eu usava o sítio como descanso, para convívio com minha família e meus amigos. Depois de 2019, com o acionamento do plano de emergência, a gente perdeu a referência, o rumo, não tenho mais o que fazer nos fins de semana, fiquei sem aquela identidade gostosa de ir pro sítio, pro meu sítio. Eu só quero um término justo para esta situação, uma reparação justa, enquanto a gente ainda tem saúde”, desabafou o atingido David. 

O encontro dos atingidos e atingidos terminou com uma grande partilha de alimentos, troca de abraços e o convite para uma Assembleia no dia 14 de fevereiro, com a presença dos Ministérios Públicos Federal e Estadual.

Processo de reparação

Os núcleos familiares atingidos estão no processo de negociações individuais desde outubro de 2021, de acordo com o Termo de Acordo Complementar 1 (TAC 1), assinado em junho de 2021. No total foram cadastradas 655 núcleos familiares e até o momento já foram assinados 300 acordos de reparação individual com as famílias atingidas.

As negociações do Segundo Termo de Acordo Complementar (TAC 2), que orienta a reparação coletiva, começaram em agosto de 2022, mas até o momento não avançaram. Algumas das demandas das pessoas atingidas para o TAC 2 são: a continuidade do pagamento da prestação mensal por mais 36 meses, com o objetivo de aquecer a economia local, o cadastro das pessoas atingidas que estão na lista de espera e a continuação do acompanhamento da Assessoria Técnica Independente da Aedas.