Pyedro Henrique: uma infância de quem mora próximo da linha do trem
Depois do rompimento, Pyedro passou a se perguntar sobre a importância da preservação das montanhas ao seu redor

Pyedro Henrique mora bem próximo a linha do trem. Faz parte de seu cotidiano e de sua paisagem sonora o barulho do transporte ferroviário que carrega minério para outros lados do mundo.
Sua casa fica em Casinhas, um povoado da área rural de Brumadinho. Ele vai de ônibus para estudar em outra comunidade rural, chamada Aranha. Está no nono ano e já sonha em ser advogado, embora sua matéria preferida seja educação física.
Aos finais de semana, Pyedro e seus amigos vão a pé até o município de Moeda para jogar futebol no campinho da cidade. Gosta de funk e de desenhar com lápis em tons sombreados.
“Pelo reconhecimento e direito das crianças e adolescentes atingidos”
Pyedro participava de um projeto educacional em Brumadinho, na Estação Conhecimento. No dia 25 ele não foi. Após o rompimento da barragem ficou impedido de frequentar o projeto porque as estradas ficaram bloqueadas. Pyedro se perguntava: quando voltaria a realizar suas atividades? Mas, pensava mais ainda nas famílias que perderam entes queridos.
Depois do rompimento, passou a se perguntar sobre a importância da preservação das montanhas ao seu redor.
Em seu quintal, há um pé de maçã, de couve, cebola, salsinha, bananeira, cana, mandioca. Alimentos que ele e sua família plantam, veem germinar e colhem. Por isso, Pyedro aprendeu a importância do cuidado e da preservação da natureza.
Pyedro participa dos encontros com a Ciranda da Aedas. Diz que crianças e jovens são sujeitos e que também possuem direitos. A Ciranda o levou perceber que, de forma lúdica, ele e outras crianças aprendem brincando sobre ser atingido e sobre reparação integral.
Texto: Felipe Cunha

Essa e outras histórias foram destaque da 14ª edição do jornal Vozes do Paraopeba. Clique aqui para acessar.