Entrevista com o atingido e membro da Comissão Representativa dos atingidos(as) José Roberto:

O TAC 2 foi assinado e renovou a esperança das comunidades atingidas para uma reparação integral.

O atingido da comunidade de Vieiras e membro da Comissão Representativa dos atingidos (as), José Roberto, mais conhecido como Zezé, explica a emoção de ver o TAC 2 assinado e a  reparação coletiva saindo do papel. Leia a entrevista completa. 

– Zezé, sabemos que o TAC 2 foi assinado no final de maio e gostaríamos que você contasse um pouco o que essa assinatura significa para os atingidos de Itatiaiuçu? 

O TAC 2 foi assinado e vai garantir que as medidas que foram construídas coletivamente com as pessoas atingidas nos grupos de base sejam executadas. Agora vamos dar destinação ao dinheiro dos atingidos pelo Plano de Ação de Emergência para barragem de Mineração, que são 300 milhões, sendo que 215 é para as medidas coletivas e 85 para as prestações mensais.

A Comissão de Atingidos gratuitamente doou seus dias, suas horas, sonhou e junto ao Ministério Público, junto à mineradora, com o apoio da Aedas, negociou para fazer sair do papel estas medidas sonhadas pelas comunidades e graças a Deus, com a assinatura do TAC 2, isso agora será possível. 

É importante que as pessoas atingidas acompanhem as medidas de reparação e que elas sejam implementadas em cada comunidade de acordo com o que foi trabalhado nos grupos de base e nas reuniões com a Assessoria Técnica da Aedas. É muito importante o acompanhamento das pessoas atingidas para que cada comunidade veja o que eles pensaram ser colocado em prática e as comunidades possam usufruir. 

– Agora que o acordo foi assinado, o que você vê como os próximos passos e quais os desafios?

Lutamos muito até agora e temos que continuar a luta, ela não acabou. Precisamos ver as medidas sendo executadas, as comunidades usando o que pensaram. Temos muitos desafios, manter as comunidades unidas e participando efetivamente dos Grupos Temáticos e na construção dos Planos Populares. Que as medidas de obras sejam realizadas e entregues como foi sonhado pelas pessoas atingidas. Temos que estar vigilantes e acompanhar a implementação das medidas para que tudo seja feito como está nos Planos Populares e as medidas não sejam violadas. O povo precisa estar unido e acompanhando cada etapa. 

– Por que é importante a participação das pessoas atingidas no processo de reparação?

A participação das pessoas atingidas garante a legitimidade do processo e só as pessoas que sofreram os danos sabem como devem ser reparados. É muito importante garantir a participação das comunidades e com o povo unido e participando, as medidas serão direcionadas e vão beneficiar as pessoas atingidas.

A entidade gestora independente (EGI), escolhida pelas pessoas atingidas, é que vai acompanhar os Planos Populares e fazer acontecer as medidas que tanto sonhamos. É a  EGI que vai acompanhar os planos populares construídos com as pessoas atingidas e isso vai respeitar a vontade das comunidades, buscar as diretrizes juntos com a Comissão de atingidos e dar o protagonismo desse processo às comunidades que lutaram tanto para a reparação integral. 

– Você falou da Entidade Gestora Independente, por que é importante ter uma Entidade Gestora escolhida pelas pessoas atingidas? 

Então, a Entidade Gestora Independente, sendo escolhida pelos atingidos, garante a legitimidade do processo de reparação e o protagonismo das pessoas atingidas, que desde o início lutou e participou das mesas de negociação em busca de uma reparação justa. 

A Entidade Gestora precisa ser de nossa confiança, porque é ela que vai implementar as medidas de reparação, ela vai trabalhar para o povo e para as comunidades, para que a gente acompanhe e que seja garantido que as medidas sejam implementadas da melhor maneira possível. E que nenhuma dessas medidas possam ser violadas e a vontade do povo seja ouvida.O TAC 2 é de maior importância para nós, é nossa reparação, nosso direito.

– Qual vai ser o papel da Comissão de Atingidos nessa nova fase do TAC 2?

A Comissão trabalha e representa o povo, a vontade das comunidades atingidas. A Comissão vai acompanhar a execução das medidas, trabalhar para que o que foi definido nos Planos Populares, construído coletivamente com as comunidades, seja realizado corretamente.

A gente tem 64 medidas para serem implementadas, essas medidas podem ser acompanhadas pelos atingidos, pela Comissão de Atingidos e pela entidade gestora. E isso é muito importante. A gente sabe que também teremos um comitê de monitoramento dessas medidas, que também será formado com participação das pessoas atingidas. Então é muito importante a gente ter isso em vista, que isso é um processo muito sério, é um processo em que o primeiro acordo foi feito lá em 2019 e a gente hoje precisa implementar essas medidas com tudo o que a gente construiu.