Moradores de Itueta realizam protesto contra desabastecimento de água na região; audiência pública está marcada para 28 de novembro
Moradores do distrito de Quatituba e sede da cidade Itueta, no Leste de Minas, realizaram um ato público, na última quarta-feira (15), feriado da Proclamação da República, em frente a unidade da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) do município. A ação teve como objetivo chamar atenção sobre a situação da cidade que sofre constantemente com o desabastecimento de água.

Segundo moradores, antes do rompimento da Barragem de Fundão, de 2015, a cidade não enfrentava problemas recorrentes com a falta d’água. Eles pontuam também que antes, quando faltava, eles podiam utilizar o Rio Doce.
“Tem dez dia praticamente que eu estou sem água. A caixa está seca, minhas plantas estão morrendo tudo. A gente tá tomando banho na casa dos outros. No lugar que cai um pouquinho, a gente junta as crianças, vai lá tomar banho, mas a mais não tem água para nada”, diz a moradora Josiane. Ela afirma ainda que coisas assim não aconteciam antes do rompimento da barragem.
A Copasa, em informativo aos moradores, afirmava que uma manutenção operacional programada interromperia o abastecimento de água entre os dias 06 e 10 de novembro, com previsão de normalização durante o sábado (11), mas o abastecimento na região não foi restaurado.

A questão já vem sendo observada pelas Instituições de Justiça há algum tempo e uma audiência de conciliação virtual entre Ministério Público Federal, Defensoria Pública e empresas, para debater o tema, está marcada para o próximo dia 28 de novembro, às 13h (veja aqui).
O prejuízo atinge não só Itueta, mas cidades vizinhas como Resplendor e Santo Antônio do Rio Doce, distrito de Aimorés. Na segunda-feira (14), o prefeito de Itueta, Valter José Nicoli, endereçou ofício à Copasa solicitando esclarecimentos sobre a questão. A Câmara Municipal também endereçou requerimento pedindo “melhor atendimento para a população ituetense”.
Dona Maria Aparecida de Sousa, moradora de Itueta, denuncia que a falta de água tem gerado muitos transtornos em sua família. Além de estar limitada para executar tarefas domésticas básicas, ela tem que lidar com um hábito do seu filho especial.
“Eu tô aqui pra pedir socorro porque eu tenho filho que tem problema. Ele quer tomar banho toda hora e eu não tô tendo água. Ontem mesmo ele foi tomar banho e tinha um resto na caixa, saiu queimando as costas dele e ele ficou com as costas toda vermelha. Não sei se da quentura ou do cloro e tô aqui para fazer um apelo. Que eles tenham misericórdia da gente, que ajuda a gente, porque do jeito que está não dá mais pra ficar. A situação tá feia. Não tem água para lavar roupa, não tem água para beber, não tem água pra cozinhar, pra nada. Então eu tô aqui para fazer um apelo pra Copasa, pra Samarco, que tenham misericórdia da gente, porque antes do rompimento a gente não teria esse problema com a água”, pede.

Acompanhamento da Aedas
Técnicos das Equipes de Mobilização do Leste de Minas e da equipe de Diretrizes de Reparação Integral (DRI) da Aedas estiveram presentes no ato público promovido por moradores de Itueta, a pedido de lideranças do território. As equipes realizaram o acompanhamento da movimentação do ato e os diálogos entre moradores, lideranças e autoridades.
“Desde segunda-feira, dia 13 de novembro, que a Equipe de Mobilização do Leste de Minas vem recebendo, por parte de Itueta, informações de que estaria faltando água em todo o município. A partir da terça, no dia 14, a gente começou a receber também relatos de Resplendor e Santo Antônio do Rio Doce, que é distrito de Aimorés, de que também estariam sem água. Ainda terça-feira, no início da noite, a gente recebeu o convite, por parte de algumas lideranças do território de Itueta para estar acompanhando um ato que eles iriam fazer em protesto à falta de água, principalmente devido às condições climáticas, essa onda de calor que a gente vem passando. Então este ato aconteceu na quarta-feira, com o acompanhamento da Equipe de Mobilização e da DRI da Aedas”, explica a coordenadora geral da Equipe de Mobilização do Leste de Minas da Aedas Médio Rio Doce, Clarissa Pais.
Ela destaca que o ato público foi tranquilo e rendeu respostas para os moradores. “A movimentação que aconteceu em frente a Copasa deu fruto: uma reunião entre alguns vereadores, lideranças e o MAB, dentro da sede da Copasa de Resplendor. O que a Copasa alega é que a Renova deveria estar fornecendo 900 mil litros de água por dia, por meio de caminhão pipa, mas ela só fornece 700 mil porque os caminhões pipa só trabalham até seis da noite e que para eles conseguirem fornecer o quantitativo restante, eles teriam que trabalhar em média até 22h”, acrescentou.
Clarissa salientou o posicionamento da Renova frente ao problema. Além disso, afirmou que a Copasa disse que a situação estava agravando o problema no abastecimento. “A Renova disse que não pode fazer essa contratação porque geraria problemas trabalhistas para eles. Além disso, a Copasa também falou que com a onda de calor, o consumo de água estava aumentando e por já não ter esse fornecimento suficiente, a situação estava se agravando”, finalizou.
Texto: Mariana Duarte/ Equipe de Comunicação – Aedas Médio Rio Doce