Atingidos da Zona Quente debatem Anexo I.1 em novo diálogo com a Entidade Gestora em Brumadinho
Encontro é parte do Momento 3 da construção da Governança Popular

Atingidas e atingidos da Zona Quente participaram, na última quinta-feira (30), de mais um encontro de diálogo e proposições com a Entidade Gestora (EG) do Anexo I.1, no Tejuco, em Brumadinho. As lideranças puderam sanar dúvidas e apresentar propostas para a Governança Popular dos Projetos de Demandas das Comunidades.
O encontro é parte do Momento 3 da construção coletiva da Proposta Definitiva para gestão dessa parte do Acordo Judicial de Reparação e visa acolher as prioridades e compreender as especificidades da Zona Quente. A atividade está dentro do período de 90 dias de preparação para as definições sobre o Anexo I.1.



O atingido Marcus Rezende destacou a importância de se priorizar as demandas de quem mais precisa ser alcançado pela reparação. “A expectativa é que a gente consiga ter sincronia, harmonia, união na construção desse anexo socioeconômico. Hoje citamos a importância de que os públicos mais vulneráveis tenham acesso a essa reparação, como os agricultores das zonas quentes, os familiares de vítima fatal e as pessoas que estão sofrendo com esse crime continuado. Esperamos que possamos ser compreendidos e que as nossas propostas sejam aceitas e respeitadas.
Para Jessica Barbosa, da Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB), uma das instituições que compõem a Entidade Gestora, o momento atual tem sido produtivo no que diz respeito à escuta das pessoas atingidas.
“Acho que a gente tem conseguido colher sugestões muito interessantes para o trabalho da EG. E a gente também tem conseguido dialogar com eles a própria cultura de direito que eles têm. Sobre como construir essa reparação coletiva juntos e como eles podem se ver nessa Governança. É também uma parte da nossa proposta, de construir a partir da diversidade, dialogando com essa diversidade, mas sem esquecer das especificidades e das necessidades individuais de cada coletividade vulnerabilizada”, disse Jessica.



A coordenadora da equipe do Anexo I.1 na Aedas, Juliana Funari, falou sobre a importância do espaço participativo. “O Anexo I.1 é muito importante para as comunidades e, por isso, ele tem que estar alicerçado no coletivo, naquilo que os atingidos estão propondo. Este espaço de participação aqui é fundamental neste processo”, falou.
A atingida e agricultora Valéria Carneiro frisou a importância de que a Zona Quente receba a devida atenção para propostas do território. “Hoje eu achei que foi bom. A gente a cada encontro a gente avança um pouco mais. As pessoas estão começando a participar, colocar mais as ideias. A expectativa é que a gente consiga incluir a Zona Quente nessa prioridade que ela precisa ter sim”, afirmou.

Dentre os temas abordados por atingidas e atingidas durante a reunião, destacam-se a preocupação com as questões da agricultura, com a identidade local, a definição de critérios para os projetos, a transparência em todas as etapas e o protagonismo das comunidades atingidas nas decisões. O encontro antecede a assembleia geral da Bacia do Rio Paraopeba e Represa de Três Marias, que em breve terá data marcada, onde será definida a Proposta Definitiva.

Ciranda
As crianças presentes participaram de atividades organizadas pela equipe da Ciranda da Aedas. Eles assistiram ao curta-metragem “Disque Quilombola” que retrata crianças de diversas cidades e diversas comunidades quilombolas socializando por um “telefone sem fio” sobre seus territórios, sobre brincar, sobre alimentação, moradia e a diversidade de cada lugar. O objetivo foi chamar atenção das crianças, a partir do filme, para as características do território atingido pelo rompimento da barragem da Vale.



