Anexo I.1: Lideranças da Região 2 definem consensos em último encontro regional com a Entidade Gestora
Próxima etapa será o Encontro da Bacia, com 250 representantes das cinco regiões, previsto para o segundo fim de semana de junho

Atingidas durante votação de consensos no Momento 4 | Fotos: Diego Cota/Aedas
Comissões, lideranças e Agentes Multiplicadores da Região 2 estiveram reunidos com a Entidade Gestora, no sábado (25/05), para o Momento 4 da construção popular da Proposta Definitiva para o Anexo I.1, que prevê os Projetos de Demandas das Comunidades e Linhas de Crédito e Microcrédito para a população atingida da Bacia do Paraopeba e Represa de Três Marias. O momento foi a última etapa regional antes do Encontro da Bacia e aconteceu na região do Citrolândia, em Betim.
O objetivo do Momento 4 foi o debate acerca das propostas elaboras pelas cinco regiões atingidas nos espaços anteriores e a definição de consensos para o Encontro Inter-regional, nos três pilares da Proposta Definitiva: Governança Popular, Plano Participativo e Fluxo de Projetos e Programa de Crédito e Microcrédito. Durante a manhã, as pessoas atingidas foram divididas em três grupos para o debate e no período da tarde foi realizada uma plenária para revisão das propostas.
Antes do encontro, os atingidos puderam se organizar nos espaços preparatórios promovidos pelas Aedas. Essa organização foi destacada pelo assessor técnico da Entidade Gestora, pela Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB), Bruno Kassabian. “As pessoas atingidas chegaram muito organizadas com um documento com suas propostas. Isso foi muito bom para o diálogo fluir. A gente conseguiu debater todas as propostas de encaminhamento que estavam no Guia para o Espaço 4”, disse.




No período da manhã foi realizado o debate em grupos.
No debate da manhã, cada um dos três grupos teve uma prioridade de tema para iniciar as discussões para que, no conjunto das pessoas atingidas, todas as propostas pudessem ser apreciadas para a plenária. O atingido Adilson Ramos, da comunidade Reta do Jacaré, de Mário Campos, destacou a construção coletiva. “Eu saio daqui satisfeito. A expectativa do Anexo I.1 é muito boa. A gente sabe que a Reparação Coletiva é longa e a gente tem que reunir mesmo para discutir sobre as soluções”, afirmou.
Na plenária, as propostas dos três eixos foram retomadas para a definição de consensos das lideranças da Região 2. Em alguns dos pontos que tiveram mais de uma interpretação sobre como deveria proceder, as pessoas atingidas puderam colocar suas opiniões que foram sucedidas por votações, a fim de fortalecer o posicionamento coletivo da região para o Encontro da Bacia.

Lideranças atingidas dos cinco municípios da Região 2 realizaram plenária no período da tarde.
Para a atingida Lindaura Prates, da comunidade Fhemig, de São Joaquim de Bicas, a cada encontro as pessoas estão aprofundando no entendimento e na luta para que as ações do anexo possam reparar os danos das comunidades. “A discussão está muito boa, a cada dia a gente está se inteirando mais. Eu espero que o Anexo I.1 promova muitas coisas boas, porque é o que a gente vem almejando ao longo desse tempo, desde o rompimento que trouxe pra gente só prejuízo”, contou.
No final do Momento 4, as lideranças deliberaram a quantidade de representantes dos municípios que compõe a Região 2 que vão ocupar as 46 vagas disponíveis para o Encontro da Bacia. Ao todo, a R2 conta com 60 vagas, sendo 14 delas reservadas para Povos e Comunidades Tradicionais, que realizaram seu Momento 4 no domingo (26/05).
Encontros na R1 e R2 contaram com ampla mobilização da Assessoria Técnica
O período de construção da Proposta Definitiva, que teve início no dia 4 de março, foi de trabalho intenso das equipes da Aedas para que pudesse ser viabilizada a etapa regional da elaboração coletiva das diretrizes do Anexo I.1. Além dos momentos com a Entidade Gestora, foram realizados diversos espaços preparatórios em Brumadinho e na Região 2 que precederam os encontros, tanto de forma virtual quanto presencialmente.
“A gente contou com o esforço das equipes de Logística, de Mobilização, a própria equipe do Anexo I.1 e outras equipes internas que vão subsidiando esse processo”, contou Gabriela Cotta, gerente geral do Eixo da Reparação da Aedas. “Todos os espaços com a Entidade Gestora foram antecedidos de espaços preparatórios onde a gente esteve nos territórios da Região 1 e Região 2, inclusive com os Povos e Comunidades Tradicionais, pra que a gente pudesse preparar as pessoas atingidas pra esse momento”, disse.


Ciranda da Aedas promoveu a peça teatral “A crise financeira na floresta” para refletir a importância da organização das atingidas para gerir seus recursos. | Fotos: Luana Farias/Aedas
O período de elaboração da Proposta Definitiva é só uma das etapas para a vasta atividade do Anexo I.1 que ainda está por vir nos territórios atingidos. Gabriela Cotta destacou que as pessoas podem contar com a dedicação das equipes da Assessoria Técnica Independente subsidiando os temas da Reparação.
“A Aedas vai seguir ao lado das pessoas atingidas, apoiando nos processos de construção do Anexo I.1, de elaboração dos projetos, na reflexão sobre a reparação pelo Anexo I.1 e aprofundando nos temas. Podem esperar que a Assessoria Técnica Aedas contribua de fato com os processos participativos que ocorrerão na implementação do Anexo I.1 após esse processo da Proposta Definitiva”, completou.
Encontro da Bacia em junho
O encontro com as lideranças das cinco regiões da Bacia do Paraopeba e Represa de Três Marias está programado para os dias 8 e 9 de junho, em Belo Horizonte. Ao todo, serão 250 representantes que vão eleger as regras para execução do Anexo I.1. Na primeira fase de execução, está prevista a aplicação de R$ 300 milhões (10% do recurso total do Anexo, de R$ 3 bilhões), no período dois anos, em projetos comunitários e linhas de crédito e microcrédito.
Saiba como foram os momentos anteriores
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Texto e Fotos: Diego Cota/Aedas