Julho das Pretas: Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
PROTAGONISMO. Somada à importância do trabalho na mineração, as mulheres negras atuaram para a preservação de tradições religiosas e culturais que sobrevivem até hoje.

25 de julho é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
A data foi estabelecida pela Rede de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, uma organização que atua no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).
No Brasil, desde 2014 é comemorado, também, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
As mulheres negras vivem, há séculos, experiências diferentes das demais mulheres. Elas carregam a história das que vieram de maneira forçada em navios negreiros (tumbeiros) e foram escravizadas, sendo tratadas como mercadorias, e não como pessoas, com sentimentos e desejos.
Mesmo que tenham realizado grandes feitos, e sobrevivido a tanta violência, ainda hoje sofrem as consequências da escravidão sem reparação histórica, que determina suas condições de vida e como elas são tratadas socialmente.
É sabido que não existiria Brasil sem as mulheres de origem africana e seus descendentes. Com a história da mineração não é diferente.
Dentre as atividades desempenhadas por mulheres negras na mineração, destacamos as selecionadoras de pedras, o papel social das chamadas “Negras Mina” no período colonial e a importância das mulheres negras para a formação das irmandades do Rosário.
A seleção de pedras preciosas e separação dos outros materiais era uma atividade desenvolvida em sua maioria por mulheres. Esse tipo de trabalho, informal e não reconhecido, fazia com que se pensasse que elas não atuavam diretamente na mineração, mas apenas em atividades auxiliares.
Dados mais recentes mostram que 17,8% das mulheres que trabalham na mineração não são remuneradas.
Parte dos africanos trazidos para o Brasil vieram da Costa da Mina (região do continente africano). Eles eram escolhidos para trabalhar com mineração porque traziam conhecimento sobre o assunto.
No período da mineração escravista, a força e técnica de trabalho dos Africanos eram tão centrais e valorizadas que para o imaginário racista da época “ter” uma negra mina era sinal de sorte e prosperidade. Essas mulheres se organizaram nas Irmandades católicas e, aqui, damos destaque a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.
Muitas mulheres negras conseguiram libertar a si mesmas e outras pessoas comprando sua alforria. Além disso, atuaram para a preservação de tradições religiosas e culturais importantes e que sobrevivem até hoje. Existem relatos de que elas foram criminalizadas pelo Estado brasileiro porque lutavam pelo bem viver do povo negro.
“Não deixe que nada nem ninguém viole os direitos fundamentais para que você viva uma vida com dignidade” — Beatriz Nascimento
Texto: Equipe Relações Étnico Raciais (RER)