No último sábado, 19 de outubro, a Assessoria técnica da AEDAS, realizou o seminário temático com comerciantes e prestadores (as) de serviço do município de Itatiaiuçu. O seminário teve como objetivo realizar a escuta das demandas da categoria para compreender quais direitos foram violados, bem como danos e sofrimentos gerados pelo acionamento do Plano de Ação Emergencial de Barragem de Mineração (PAEBM) no dia 8 de fevereiro de 2019.

A cabeleireira, Elisa das Dores Anjos Moreira, atingida de Pinheiros, contou que antes do acionamento do Plano ela tinha muitas clientes e que não precisava sair de casa para trabalhar. “Minha rotina era cuidar da casa e as clientes iam ligando, e falando: marca pra mim tal hora. E iam de carro para minha casa, de Itatiaiuçu, de BH, vinham na minha casa porque gostavam do meu trabalho. Mas hoje elas falam: vou lá não, é perigoso aí. Vou não”, relatou Elisa que ainda tem esperança de que as coisas mudem. “Eu tenho esperança de que eu volte a ter um lugarzinho para mim trabalhar, porque na minha casa ninguém vai, já chorei muito, já mudei de medicamente”, finalizou.

Para a comerciante Vilma Aparecida de Sousa, o seminário foi o momento para comerciantes e prestadores de serviços contarem como estão vivendo desde o acionamento do Plano da Arcelor. “Achei que era o momento para as pessoas com os mesmos problemas se reunirem e tentarem ver os problemas e as soluções”. Vilma relatou o que percebeu do encontro: “ O que eu vi aqui foi que as pessoas estão mais preocupadas com a situação financeira, porque existe uma pressão, estamos passando por dificuldades financeiras e não temos como cobrir nossos gastos, as pessoas tinham um meio de sobreviver e a partir do acionamento do alarme da ArcelorMittal mudou toda nossa vida, as expectativas que tínhamos caíram, já não temos confiança mais em um futuro bom aqui”, desabafou.

No seminário foram levantados diversos danos, como falta de freguesia e clientes, perda da atividade comercial e desemprego, lojas fechadas, prejuízo nos alugueis, diminuição da renda, aumento de dívida, diminuição nos preços das mercadorias e serviços, perda de planejamento de vida e dos investimentos, falta de perspectiva de continuar as atividades entre outras coisas.

Ainda foi discutido coletivamente as alternativas para se buscar uma reparação integral e justa para atingidos e atingidas. Algumas das propostas apresentadas foram o direito a informação, marketing positivo sobre a comunidade tentando amenizar os danos de imagem da região, antecipar o pagamento de indenização para aquecer e circular o comércio local e oferecer um auxílio emergencial para os comerciantes e prestadores (as) de serviço que perderam sua renda. As demandas apresentadas no seminário irão ajudar na construção do plano integral de reparação.