A pressão popular da população atingida conquistou um importante avanço na busca de uma solução quando o assunto é a qualidade do fornecimento de água por parte da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Os problemas que envolvem o acesso à água são um dos principais danos provocados pelo rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho.

A concessionária vai iniciar visitas, a partir do dia 17 de novembro (terça-feira), nas casas das pessoas atingidas, para verificar as reclamações da população que mora nos municípios às margens do Rio Paraopeba. Todas as visitas técnicas vão respeitar os protocolos sanitários exigidos pela pandemia da Covid-19.

Essas visitas foram determinadas pelo Comitê Pró-Brumadinho (CPB) e serão acompanhadas pelas representações das Comissões de Atingidos e Atingidas, pela Coordenação Metodológica Finalística da Pontifícia Universidade Católica – MG (CMF-PUC) e também por assessoras/es técnicas/es da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), que atua como Assessoria Técnica Independente (ATI) nas regiões 1 e 2. “As famílias pautaram e o Comitê Pró-Brumadinho encaminhou que a Copasa fosse averiguar a campo todos os problemas levantados pelos atingidos e atingidas. Nesse sentido foi uma conquista: a Copasa terá que ir a campo dar uma resposta para as famílias”, explica Vanderlei Martini, coordenador territorial da Aedas na região 2.

Tudo começou com a mobilização organizada, em outubro, pelas Comissões de Atingidos e Atingidas dos bairros Satélite e Francelinos, de Juatuba, que realizaram um protesto virtual, com vídeos e fotos nas redes sociais, para denunciar a calamidade da situação. “Graças a auto-organização do povo, no mesmo mês, houve uma reunião para tratar do tema junto ao Comitê Gestor Pró-Brumadinho e a Copasa. A Aedas foi convocada para falar sobre a questão e contribuiu para ampliar a visão sobre a realidade da falta de água em outros municípios”, contextualiza Mayara Pais, coordenadora de Mobilização da região 2. Problemas no acesso à água acontecem nas seis cidades assessoradas pela Aedas: Brumadinho (R1), Betim, Igarapé, Juatuba, Mário Campos e São Joaquim de Bicas (R2).

Quais são os principais problemas relatados?

  • Água de má qualidade, com excesso de cloro;
  • Irregularidade no fornecimento;
  • Contas com valores abusivos,

Como as visitas serão agendadas?
Iasmim Vieira, coordenadora de Mobilização da região 1, orienta que as pessoas com problemas com abastecimento da Copasa devem entrar em contato com a equipe de mobilização da Aedas para preenchimento do formulário e posterior agendamento da visita. “Água é um elemento essencial à vida. A ausência ou a insegurança sobre ela torna as condições de vida ainda mais precarizadas e vulneráveis”, comenta Iasmim. Essas informações serão encaminhadas às Instituições de Justiça que farão os requerimentos para o cumprimento do direito à água.

Qual o papel da PUC nas visitas?
O papel da PUC, como Coordenação Metodológica Finalística, é receber os relatos das ATIs, organizá-los e sistematizá-los e enviar ao Comitê Pró-Brumadinho. “Nesse sentido, a PUC cumpre um papel importante também ao se somar na cobrança das demandas dos atingidos e atingidas nas demandas em relação a água, não só no caso da Copasa, mas também no caso da Vale”, explica Lucas Vieira, da coordenação territorial da Região 1.

O papel do Comitê é o de articulação com os órgãos de Estado e a intermediação entre a Copasa e as ATIs/CMF para apresentação dos problemas e demandas pelos atingidos e atingidas e busca de soluções pelos órgãos competentes. “O Comitê Pró-Brumadinho se comprometeu não só a enviar para Copasa, mas como cobrar e acompanhar”, acrescenta Lucas Vieira.

Canal direto com a Copasa
Outra conquista importante da população atingida foi a criação de um novo canal de diálogo com a Copasa para reclamações sobre a situação da água. Diante da demora em obter respostas no canal oficial (115), foi criado um canal, que será mediado pelo CPB, através do site: www.mg.gov.br/conteudo/pro-brumadinho/fale-com-o-comite.

Foto: Acervo do Instituto Guaicuy