INFÂNCIAS. No espaço da Ciranda Infantil as crianças e adolescentes discutiram sobre educação financeira, crise climática e disque reparação 

Foto: Janaina Rocha | Aedas

Dentro da programação do Encontro Inter-Regional do Anexo I.1 foi realizada a Ciranda Infantil, que reuniu 29 crianças e adolescentes das cinco regiões do Rio Paraopeba e da Represa de Três Marias.

A Ciranda proporcionou um ambiente acolhedor e lúdico, com foco na educação, permitindo que os participantes compartilhassem experiências e ampliassem seu entendimento sobre os processos de reparação integral. 

Os temas abordados na Ciranda foram: educação financeira, crise climática e disque reparação, com atividades específicas para cada faixa etária. As atividades incluíram teatro, música, grafite, brincadeiras, filmes, oficinas e confecção de cartazes. 

Uma das oficinas realizadas pelas crianças foi a confecção de cartazes usando papelão e materiais naturais, como folhas, flores e sementes. Após uma caça aos tesouros naturais, as crianças coletaram esses materiais, normalmente descartados por serem considerados menos valiosos. Com esses tesouros, criaram quadros e faixas com frases e imagens sobre a importância de preservar a natureza e manter o meio ambiente limpo, saudável e sustentável. 

Fotos: Janaina Rocha | Aedas

Luana Farias, Gestora Operacional da Aedas, considera fundamental o espaço das cirandas: “Todas essas atividades, pensadas e construídas metodologicamente e especificamente para crianças e adolescentes, são fundamentais para garantir a esses sujeitos o direito à participação informada em todo o processo de reparação. Ter a ciranda como espaço participativo em qualquer reunião dos atingidos e atingidas assegura que as crianças e adolescentes, também atingidos, tenham seu direito à participação informada, assim como os adultos. Por isso, construímos a ciranda como um espaço participativo, essencial no processo de reparação. Sem a ciranda, não há possibilidade de construir uma reparação integral e justa. Para nós, as crianças e os adolescentes atingidos são protagonistas no processo de reparação”, conclui.  

Durante o almoço do último dia do encontro, as crianças e adolescentes fizeram uma intervenção musical, apresentando os trabalhos realizados ao longo da atividade. Na paródia cantada, destacaram a importância da organização em grupo para a luta pela reparação. As faixas, feitas com stencil e materiais naturais, exibiam frases e desenhos sobre a luta popular e a preservação do meio ambiente. 

Fotos: Luana Farias | Aedas

Confira abaixo a paródia produzida na Ciranda

“Fez barragem, explorou nossa cidade 

Sacanagem, a Vale faz maldade 

É assim que está o Brasil 

veja a situação  

passou cinco anos cadê a reparação? 

Se quiser se organizar, venha com a Ciranda 

luta popular que dá a esperança. 

Vem, vem lutar desligue a televisão 

 são os atingidos buscando a reparação” 

Fotos: Felipe Cunha | Aedas

Stefany Queren, uma jovem atingida de 13 anos, da comunidade Bervely em Igarapé, estava presente no Encontro Inter-Regional e compartilhou suas reflexões: “Já participei de várias cirandas. Normalmente, desenhamos, apresentamos coisas e aprendemos sobre o que os adultos estão discutindo. Hoje, desenhamos e fizemos grafites sobre o rompimento da barragem, a poluição do rio, por exemplo. A mineração destruiu vidas, destruiu o rio e matou os peixes. Também poluiu a água. A importância de unir as crianças é grande porque, assim, temos mais opiniões e todos podem concordar em algo para ajudar. Em outras cirandas, vi crianças apresentando e falando sobre o que sofreram. Muitas disseram que não podem mais nadar, pescar ou comer peixe. Também havia plantações na beira do rio que foram atingidas. É bom conhecer a visão de cada criança sobre os danos. Há muitos danos em comum, como na saúde e no lazer“.

A composição da Ciranda no Encontro Inter-Regional teve a colaboração de técnicos da Aedas, da Cáritas e do Instituto Guaicuy.

Fotos: Janaina Rocha | Aedas

Veja essa e outras matérias na 31ª edição do Jornal Vozes do Paraopeba

Vozes do Paraopeba – 31ª edição: Participação, um marco na luta pela reparação