Danos aos trabalhadores e trabalhadoras e a busca pela reparação integral
No mês que rememora a luta dos trabalhadores e trabalhadoras, atingidas e atingidos do Paraopeba continuam em busca de condições para a retomada de suas atividades.

Perda de renda e lucros, perda de materiais e insumos de trabalho, mudança forçada de atividade profissional, danos à produção agropecuária, à atividade pesqueira e endividamentos. São apenas alguns dos conjuntos de danos identificados no território após o rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, sob responsabilidade da Vale S.A.
Dentre as atividades geradoras de renda, destacam-se a criação de peixes e a pesca, diretamente ligadas ao rio Paraopeba e a organização social. Neste contexto, se afeta também a noção de pertencimento, a autoestima e a saúde.
A assessora técnica da Aedas, Paula Pimenta, da equipe de Economia, Trabalho e Renda; comenta sobre a importância da pesca e sua relação com outras atividades da sociedade.
“A pesca tem a dimensão do trabalho, mas também a dimensão da alimentação, do autoconsumo, e das relações sociais. As visitas que vinham para pescar traziam junto, por exemplo, o lazer com as crianças no rio. É uma lógica muito mais ampla do que só o trabalho. E isso tanto para a pesca quanto para outras atividades. Além de que [após o rompimento], se enfraqueceram relações que as pessoas tinham entre os pares de trabalho, ou o processo de transmissão de saberes e as alterações nas dinâmicas sociais e culturais”, pontuou.

MULHERES E TRABALHO
Através da organização social das atingidas e com o apoio da Assessoria Técnica Independente, tem-se buscado evidenciar as atividades desempenhadas pelas mulheres. Elas possuem papel fundamental na produção de alimentos, nos setores de comércio e serviços (como os relacionados ao turismo), na área da saúde, educação ou na produção de artesanatos.
PRÓXIMOS PASSOS RUMO À REPARAÇÃO INTEGRAL
Os dados que têm sido levantados farão parte da Matriz de Reconhecimento de Danos, documento construído entre as pessoas atingidas e as ATIs.
Além disso, a participação informada dos atingidos e atingidas no processo de reparação é papel central do trabalho realizado pelas assessorias técnicas. Não existe reparação integral sem a participação ativa dos atingidos e atingidas, daí a importância de integrarem os espaços participativos, como os GAAs e RDs e todos os processos que envolvem a proposição e implementação de projetos, como os que tem sido articulados nos debates acerca da Governança Popular na gestão dos recursos previstos no Anexo 1.1.

Texto: Aleff Rodrigues e Karina Morais.
Leia essa e outras matérias na 6ª Edição do Jornal Vozes do Paraopeba!
