No mês que rememora a luta dos trabalhadores e trabalhadoras, atingidas e atingidos do Paraopeba continuam em busca de condições para a retomada de suas atividades.
Bruno, pescador artesanal de Citrolândia, relembra a abundância de peixes no Rio Paraopeba antes do rompimento. Fotos: Márcio Mello

Perda de renda e lucros, perda de materiais e insumos de trabalho, mudança forçada de atividade profissional, danos à produção agropecuária, à atividade pesqueira e endividamentos. São apenas alguns dos conjuntos de danos identificados no território após o rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, sob responsabilidade da Vale S.A.

Dentre as atividades geradoras de renda, destacam-se a criação de peixes e a pesca, diretamente ligadas ao rio Paraopeba e a organização social. Neste contexto, se afeta também a noção de pertencimento, a autoestima e a saúde.

A assessora técnica da Aedas, Paula Pimenta, da equipe de Economia, Trabalho e Renda; comenta sobre a importância da pesca e sua relação com outras atividades da sociedade.

“A pesca tem a dimensão do trabalho, mas também a dimensão da alimentação, do autoconsumo, e das relações sociais. As visitas que vinham para pescar traziam junto, por exemplo, o lazer com as crianças no rio. É uma lógica muito mais ampla do que só o trabalho. E isso tanto para a pesca quanto para outras atividades. Além de que [após o rompimento], se enfraqueceram relações que as pessoas tinham entre os pares de trabalho, ou o processo de transmissão de saberes e as alterações nas dinâmicas sociais e culturais”, pontuou.

MULHERES E TRABALHO

Através da organização social das atingidas e com o apoio da Assessoria Técnica Independente, tem-se buscado evidenciar as atividades desempenhadas pelas mulheres. Elas possuem papel fundamental na produção de alimentos, nos setores de comércio e serviços (como os relacionados ao turismo), na área da saúde, educação ou na produção de artesanatos.

PRÓXIMOS PASSOS RUMO À REPARAÇÃO INTEGRAL

Os dados que têm sido levantados farão parte da Matriz de Reconhecimento de Danos, documento construído entre as pessoas atingidas e as ATIs.

Além disso, a participação informada dos atingidos e atingidas no processo de reparação é papel central do trabalho realizado pelas assessorias técnicas. Não existe reparação integral sem a participação ativa dos atingidos e atingidas, daí a importância de integrarem os espaços participativos, como os GAAs e RDs e todos os processos que envolvem a proposição e implementação de projetos, como os que tem sido articulados nos debates acerca da Governança Popular na gestão dos recursos previstos no Anexo 1.1.

Magna, pescadora amadora de Juatuba relembra através de fotografias das pescarias fartas antes do rompimento da Barragem de Rejeitos da Vale S.A.

Texto: Aleff Rodrigues e Karina Morais.


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