Consultorias socioambientais reforçam levantamento de danos à água, solo e áreas degradadas na R1

O rompimento da barragem B1 no complexo de barragens da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, lançou no meio ambiente cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. Metais pesados e substâncias químicas se espalharam pelo Rio Paraopeba, contaminando a água e o solo, destruindo vegetações e animais. Muitas dessas substâncias tóxicas são identificadas na água e em peixes da região até hoje, dois anos após o rompimento.
Análises feitas em fevereiro e março de 2021 pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (IGAM) continuam encontrando metais pesados (alumínio, ferro, chumbo) na água do rio Paraopeba, em diferentes pontos de Brumadinho e outras cidades da Bacia. Essa contaminação atingiu a pesca, agricultura e pecuária, fauna e flora da Mata Atlântica, cultura, lazer dentre outras inúmeras relações entre a natureza e a sociedade.
O coordenador da área Socioambiental da Aedas em Brumadinho, Thomas Parrili, explica que desde o rompimento, em janeiro de 2019, muitas coletas e análises de água são realizadas no território, por diferentes entidades, incluindo a Copasa e a Vale. No entanto, os resultados dessas análises nem sempre chegam ou estão disponíveis para os atingidos em uma linguagem acessível, o que acaba gerando uma grande insegurança para o uso da água na região.
“Com as consultorias vamos cobrir possíveis lacunas do Plano Amostral dos órgãos que realizam coletas no território. Com as consultorias da assessoria também vamos indicar pontos de coletas através de demandas da população, como em casos de extrema vulnerabilidade”, informou Thomas.
O trabalho das consultorias socioambientais, assim como as da Saúde em Brumadinho e Saúde R2, e Pesca R2 , já iniciou e outras devem começar novas análises em breve.
A GeoEng S/A, consultoria contratada pela Aedas, organizou o diagnóstico dos danos no território em dois trechos. O Trecho 01 corresponde à bacia do Ribeirão Ferro-Carvão, onde se localizava a barragem, trecho também chamado de Zona Quente. O Trecho 2 se refere ao Rio Paraopeba no segmento que vai da foz do Ribeirão Ferro-Carvão, nas proximidades da comunidade do Pires em Brumadinho, até Juatuba.
Dentre as consultorias Socioambientais previstas no Plano de Trabalho da Aedas estão:
a) Levantamento dos Danos Ambientais (Fase 1 Diagnóstico) – Já concluído!
b) Levantamento dos Danos Ambientais (Fase 2 Análises e Coletas)
c) Levantamento de Áreas Degradadas

(Dados geológicos levantados na Fase 1 de diagnóstico feito por consultoria)
Em breve a Aedas também irá iniciar a seleção da consultoria que fará coleta e análises dos seguintes aspectos: água subterrânea, água superficial, solo, rejeito, ar. O objetivo é cobrir lacunas no monitoramento já realizado por outros órgãos. Um exemplo é o estudo dos danos causados pelas partículas na atmosfera (poeira) em decorrência das atividades de manejo do rejeito de minério, que devem ser melhor analisados.
A reparação integral dos danos às pessoas atingidas em Brumadinho e em toda a Bacia do Paraopeba passa pelo levantamento desses danos socioambientais causados pelo rompimento, que atingiram tanto a área soterrada pelo escoamento da lama de rejeitos quanto nos entornos do Rio.
Diagnóstico e análises de danos serão usado na Justiça
O levantamento feito pelas consultorias socioambientais fará parte da Matriz de Reconhecimento, que vai indicar os danos identificados e suas correlações com a população, bem como as formas de comprová-los. A Matriz de Reconhecimento será reforçada pela Matriz de Reparação Integral, que vai apontar medidas reparatórias para os todos danos identificados. Esses dois documentos também serão essenciais na busca pelas indenizações individuais na Justiça.