Comitês de povos tradicionais e quilombos se articulam para anular uma resolução conjunta publicada por secretarias do Estado de Minas Gerais, que regulamenta a Consulta Prévia a Povos e Comunidades Tradicionais.

A resolução foi tema da audiência pública realizada na Assembleia Legislativa no dia 20 de abril. A Aedas esteve presente, enquanto assessoria técnica independente das pessoas atingidas, incluindo quatro comunidades quilombolas da região de Brumadinho e cerca de 37 Unidades Territoriais Tradicionais organizadas pela região 2.

Para a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), a resolução retrocede direitos já conquista por essas comunidades.

“Estão querendo retroceder com os direitos duramente conquistados pelos povos, então, nesse contexto, tanto a Conaq como o Conselho Nacional dos Direitos Humanos, estão fazendo um encaminhamento de revogação desta resolução”, contou Sandra Maria da Silva, da Conaq.

Beatriz Borges, coordenadora da equipe de PCTRAMA participou da audiência. Foto: Reprodução Youtube

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Beatriz Borges, coordenadora da equipe de Povos e Comunidades de Tradição Religiosa Ancestral de Matriz Africana (PCTRAMA) da Aedas, em sua fala durante a audiência, contou que foi preciso um processo contínuo de escuta ativa e participação informada para elaboração de duas consultas prévias realizadas junto às unidades territoriais tradicionais acompanhadas pela Aedas. Para ela, o tempo para a consulta prévia, previsto na resolução, prejudica a participação efetiva das comunidades tradicionais.

“Quando a gente fala consulta prévia, livre, informada e de boa fé, [o que se espera] é que essa resolução chegue e seja informada a quem lhe é de direito, então como que a gente vai conseguir que a população tenha acesso a uma resolução dessa nesse prazo [de 45 dias]?”, perguntou.

Comissão do protocolo de consulta dos Povos e Comunidades de Tradição Religiosa Ancestral de Matriz Africana e equipe de Povos e Comunidades Tradicionais da Aedas em reunião para debater as questões específicas que perpassam a dinâmica dos Povos e Comunidades Tradicionas da região 2. Foto: Luiz Ribas.
Participação informada é um direito

É preciso que a população conheça os termos dessa resolução, e as consequências que ela pode trazer para suas comunidades. Para conseguir realizar um processo de diálogo qualificado, é preciso tempo, mobilização social e metodologia que respeite a diversidade dos povos e suas linguagens. Também é importante a escuta ativa, para que um maior número de pessoas possa expressar suas opiniões e construir consensos, num processo democrático e efetivo de consulta às populações.

Dia Nacional de Combate ao racismo

Quando você pesquisa por “13 de maio” em sites de buscas, vai aparecer algo assim “Foi a lei sancionada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888 que aboliu a escravidão no Brasil. No entanto, a comunidade negra em suas diversas frentes e formas, reconstruiu o significado do 13 de Maio transformando em uma data de luta de combate ao racismo e suas violências que atravessaram séculos e continuam vitimando a população negra.

Texto: Jaqueline dos Santos


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