Lideranças relatam falta de informações e desrespeito por parte da mineradora 

Rio Paraopeba – Foto: Rurian Valentino

Lideranças atingidas moradoras de comunidades da região 2 estão questionando informações apresentadas pela Vale sobre o rio, a água e a biodiversidade da região em reuniões chamadas pela mineradora para devolutivas de estudos em Betim, Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Juatuba.  

As pessoas atingidas relatam um sentimento de revolta com os resultados já que divergem da realidade, apontando “nenhum ou pouco prejuízo” após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.  

De acordo com a Vale, os estudos monitoram a qualidade da água, a fauna e flora aquática e terrestre a partir da coleta de amostras feitas em pontos diversos. Veja abaixo as cartilhas publicadas pela mineradora acerca do monitoramento.  
 
Os detalhes das pesquisas e análises feitas pela Vale estão disponíveis no site da mineradora. Clique aqui para ver.  

A atingida Ana Luíza Apolinário Araújo, da Comissão Campo Verde, esteve na reunião realizada no último dia seis, no Funil, em Mário Campos, e relata desrespeito por parte da Vale. 
 
“Fomos muito desrespeitados durante a apresentação. Trataram a gente super mal, falaram que se a gente tivesse incomodado, a gente podia se retirar. Isso é um desrespeito. Está todo mundo incomodado, incomodado a gente vai continuar. O que aconteceu foi um crime. Incomoda mesmo, né? A gente fica com essa revolta”, afirmou.  

Ainda segundo Ana Luiza, “fingiram que está tudo bem, praticamente vieram para falar assim: não aconteceu nada. Está tudo ótimo, vai para casa, pode dormir tranquilo porque tem algum rejeitozinho, mas é pouca coisa. Tem algum rejeitozinho, mas não é tóxico”. 

Para as pessoas atingidas presentes nas reuniões, os espaços não cumpriram o objetivo necessário de sanar dúvidas da população que convive diariamente com os danos decorrentes do rompimento. 

“Para a gente que está dentro das comunidades, nas proximidades do Rio, a gente não está bem, porque hoje a gente não pode comer da fruta que a gente planta, das hortaliças que a gente planta, não pode comer dos peixes, né? É um transtorno. Não tem como estar bem.  Não podemos tomar água das nossas cisternas, então fica bem complexa a situação. Fica um ponto de interrogação, né?!”, denuncia a atingida Josiane Moura, de São Joaquim de Bicas. 

Além de contestar os dados apresentados pela Vale, as comunidades denunciam a falta de divulgação das reuniões em que foram apresentadas as informações, o que restringiu a participação de mais pessoas dos territórios atingidos, principal parte interessada no tema.  

A convite das Comissões, a Aedas acompanhou as reuniões de Betim, Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Juatuba. Por solicitação das lideranças presentes nos espaços a ATI irá encaminhar os questionamentos e denúncias por meio de ofício, elaborado por atingidas e atingidos, ao Ministério Público de Minas Gerais.