Campanha reforça a importância da luta coletiva pela reparação integral e agradece aos atingidos e atingidas pela parceria nesse processo

A Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas) lança a campanha “O rio ainda corre, o povo ainda luta” a fim de prestar conta do trabalho desempenhado ao longo de 2021 em defesa dos atingidos e atingidas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho, em janeiro de 2019. Esse reforço institucional de fim de ano relembra as conquistas para o processo de reparação integral e a projeção para o futuro dos desafios em prol da causa, construída junto à Aedas por meio da luta coletiva dos atingidos/as.
O ano de 2021 não foi um ano simples com o agravamento da pandemia, a crise econômica atenuada, a alta da inflação e a estagnação do PIB no Brasil, esse conjunto de fatores causou efeito na vida de milhares de pessoas, principalmente para aquelas que vivem sob as consequências que a interferência das empresas minerárias causa nas cidades de Brumadinho, Betim, Mário Campos, Juatuba, São Joaquim de Bicas e Igarapé.

Através das reflexões propostas pela frase “o rio ainda corre, o povo ainda luta”, a intenção da instituição é fazer um agradecimento aos atingidos e atingidas pela cooperação com o trabalho da assessoria, principalmente pela recepção em abrir a porta de suas casas, compartilharem as intimidades de suas famílias e contarem as histórias que os acometem para fortalecer o trabalho coletivo da assessoria em busca da reparação integral.
Além do sentimento de agradecer, o slogan da campanha é também possibilitar e enaltecer a esperança para o próximo período, cuja responsabilidade segue irredutível pela retomada da vida digna, próspera e com mais garantias de direitos aos atingidos.
Esse conjunto de ações, como inserções em veículos comerciais, distribuição de cartilhas e cards nas redes sociais, servirão para apresentar o papel da assessoria técnica à sociedade civil, a começar explicando quais tarefas são desempenhadas pela equipe da Aedas, com oito eixos de atuação por área temática e uma equipe especializada nas ciências humanas, sociais, da saúde e tecnologia. Para fomentar a campanha, serão apresentados alguns dados, construções coletivas, consultorias, grupos temáticos e o objetivo da matriz dos danos coletivos decorrentes do rompimento da barragem.

Relembre 2021
Em janeiro, os atingidos/as da Bacia do Paraopeba se articularam e lançaram um manifesto que expressa divergência com a aprovação de um acordo aprovado em participação informada.
Para contestar a decisão, a Aedas enviou um ofício às Instituições de Justiça (IJs) recobrando a urgência na solicitação do Auxílio Emergencial. Nesse mesmo período, a Assessoria entregou a matriz de medidas emergenciais para as lideranças.
No mês seguinte, em fevereiro, o acordo judicial é firmado entre a Vale, o estado de Minas Gerais e as IJs. Para maior esclarecimento do texto do acordo, a Aedas organizou uma live intitulada “o que você precisa saber sobre o acordo”.
O mês de março também foi incansável nos trabalhos porque os ofícios enviados pelas comissões de atingidos e assessorias foram desbloqueados na Bacia do Paraopeba. Além de ressaltar a importância de união de mulheres na luta por direitos, no período que se valoriza a luta por emancipação feminina.
Uma conquista importante para os atingidos e atingidas são as discussões sobre o PTR, que iniciaram lá em abril. Nesse processo, a Aedas ensinou a preencher o formulário de projetos para comunidades atingidas e contribuiu, em espaços participativos, na elaboração de projetos, além de promover rodas de diálogo para o fortalecimento de políticas públicas.
Foi no meio do ano que o comitê de compromitentes lançou o edital para contratação de uma empresa totalmente independente da Vale para operacionalizar o Programa de Transferência de Renda (PTR) e em seguida a Fundação Getúlio Vargas foi escolhida como empresa gestora.
Em agosto, a Aedas promoveu espaços de formação do anexo 1.1 com as lideranças comunitárias. Esse, especificamente, diz respeito à participação total dos atingidos/atingidas na gerência dos recursos para projetos coletivos e comunitários.
Em seguida, as rodas de indenizações individuais aconteceram e, em paralelo, as famílias atingidas reivindicaram participação efetiva nos processos de reparação. Outubro foi marcado pela presença da Aedas em campo no auxílio da Consulta Popular para priorização de projetos.
No mês de novembro, esse trabalho das rodas de diálogo e da Consulta Popular continuaram. E para dar voz aos atingidos/as, a comunicação da Aedas lançou a primeira edição do jornal impresso Vozes do Paraopeba, que volta a circular nas ruas mensalmente. Essa impressão trouxe novas informações sobre o PTR.
Para finalizar esse apanhado, em dezembro, a Associação tem feito um levantamento das atividades que foram construídas em busca de um objetivo coletivo, que é a reparação integral. E para isso, é fundamental agradecer aos atingidos e atingidas que esse trabalho se deve pela cooperação deles, pela resistência e concatenação pela recuperação da vida comum em Brumadinho e demais regiões afetadas pelo rompimento de 2019.