Atingidos cobram pela participação horizontal no processo de reparação dos danos causados pelo rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, que completa 4 anos no dia 25 de janeiro de 2023. As principais pautas giram em torno do atendimento na saúde especializada integral e cobrança por água de qualidade.

Dentro da programação de atividades dos 4 anos do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, a Aedas acompanhou na manhã de ontem (23), o Ato “Pelos Rios, Pelas Águas e Pela Vida!”, realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em São Joaquim de Bicas, município da região 2 da Bacia do Paraopeba.
O ato ocorreu na beira do Rio Paraopeba, na comunidade Fhemig, e os atingidos presentes cobraram por ações emergenciais de reparação socioambiental e das consequências que vieram à tona com as enchentes.
A comunidade sofre pelo comprometimento da qualidade do rio, do solo e das águas, que têm causado insegurança hídrica e alimentar para as famílias atingidas.
Estavam presentes a representante da Defensoria Pública de Minas Gerais, Carolina Morishita e o bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Vicente. A defensora recebeu pautas voltadas para a saúde integral e água de qualidade e reforçou seu compromisso com as demandas da população atingida e que o compromisso pela reparação dos danos continua constante.


Lindaura Prates, moradora do bairro Fhemig, reforça a importância da união popular para reivindicar os direitos. “4 anos do desastre-crime e não temos retorno suficiente para nossa vida com dignidade. Estamos reunindo, clamando por justiça, água limpa, pelos terrenos que tem rejeito, que nós plantávamos e não podemos plantar mais”.
Cirleni Dias não dorme com medo de que as chuvas possam invadir seu terreno novamente. “Estamos no recomeço, comprando de pouco a pouco [o que perderam com as chuvas de janeiro de 2022]. Não tivemos ajuda da Vale para comprar os materiais e coisas para a nossa casa. Pedimos indenização justa para sairmos das margens do rio, estamos vivendo nesse lugar sob pressão psicológica e doentes. Aqui no Fhemig constou metal pesado nos exames do pessoal, e como sempre, a Vale nunca sabe de nada”.
“O crime da Vale é uma coisa terrível, isso trouxe muitos danos a saúde integral, depressão, feridas no corpo devido a esses minérios que estão nas águas, outros tiveram danos materiais, teve uma queda da renda, porque antes do rompimento, plantavam, vendiam as verduras, as mandiocas, hoje não faz isso mais por causa do solo comprometido.”, relatou Erlei Leal, morador da comunidade que teve sua casa atingida pelas enchentes de janeiro de 2022.
Erlei também reforça a importância da união popular e da luta pelos direitos. “Vamos trilhar esses caminhos de luta. Sabemos que tivemos um Acordo entre o Estado e a Vale a portas fechadas, eu acho injusto, os atingidos estão sendo prejudicados devido a isso, os 4 bilhões do Programa de Transferência de Renda vêm para os atingidos, mas o restante do valor do Acordo parece que ficou para o Estado”.
As mobilizadoras da Aedas que acompanham as famílias de São Joaquim de Bicas participaram do ato e relataram que ainda há demandas emergenciais nas comunidades de Bicas e que não foram atendidas por negligência da Vale. “Esse ato é importante para pautar não só dentro da sociedade como um todo, mas chamar atenção da poluidora-pagadora”, afirma Ana Cotta, técnica da ATI.




A programação em memória e luta por justiça nos 4 anos do rompimento continua esta semana. Confira a programação:
24 de janeiro – terça-feira
8h – 17h – Seminário Cidades Impactadas pela Mineração (Faculdade Asa), realização da Avabrum
17h – Carreata por Justiça (Concentração Cemitério Parque das Rosas) , realização da Avabrum
25 de janeiro – quarta-feira
IV Romaria pela Ecologia integral em Brumadinho
7h – Acolhida (Matriz de São Sebastião)
8h – Coletiva de Imprensa e abertura do stand do projeto Juntos por Brumadinho
9h – Missa
10h30 – Caminhada (da Matriz até o Letreiro)
12 – Ato por justiça, encontro e memória (Letreiro de Brumadinho)
Atos em Belo Horizonte
9h – Ato Indenização Justa Já! (Tribunal de Justiça – Raja Gabaglia, Belo Horizonte).
14h – Ato pela reparação integral dos crimes das Bacias do Rio Doce e Paraopeba
ALMG – Belo Horizonte