Entre as principais pautas do ato estiveram a reparação, a proteção do Rio Paraopeba, a preservação da natureza e a continuidade do auxílio emergencial 

Fotos da matéria: Felipe Cunha/Aedas

Nesta quinta-feira (5), Dia da Amazônia, atingidas e atingidos pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, ocorrido em Brumadinho, se reuniram em São Joaquim de Bicas, na Região 2 da Bacia do Paraopeba, para realizar um ato em defesa dos territórios e da natureza. A mobilização foi organizada pelo Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragens (MAB).    

Durante a marcha, as atingidas e os atingidos denunciaram os danos da mineração e reforçaram pautas urgentes, como a preservação da Amazônia, a recuperação do Rio Paraopeba, a continuidade da reparação socioambiental e a garantia de auxílio emergencial para as famílias atingidas. Um dos gritos que ecoou nas ruas foi: “Auxílio já!” 

A poucos meses da COP30, as comunidades alertam para a necessidade de reconhecimento e proteção de seus territórios, o fim da exploração predatória e a valorização das matas e rios. 

Segundo Tatiana Rodrigues, liderança atingida de São Joaquim de Bicas e integrante do MAB, a manifestação teve como objetivo dar visibilidade às reivindicações da população: “Nossa luta é pela Amazônia, mas também pela vida no Paraopeba. Queremos a limpeza e recuperação do rio e a reparação socioambiental”. 

Tatiana também lembrou que o julgamento do Programa de Transferência de Renda (PTR), previsto para o dia 25 de agosto no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, foi adiado, o que aumenta a incerteza das famílias atingidas, e cobram por auxílio emergencial até que a reparação seja efetivada. 

A relação entre a luta pela defesa da Amazônia e a defesa do rio Paraopeba foi destacada pela atingido João Índio, de Juatuba, liderança da comunidade indígena Aranã: “Hoje estamos aqui para lutar junto com a Amazônia. Aqui, defendemos o rio Paraopeba e exigimos que ele seja despoluído pela Vale, enquanto o pessoal lá do Norte luta pela proteção da Amazônia contra a chegada das mineradoras e grandes empreendimentos predatórios. É uma luta conjunta pela natureza”. 

O ato passou em frente à Prefeitura de São Joaquim de Bicas, onde Maria Santana, liderança atingida do município, fez uma fala: “Estamos convidando os gestores da cidade a estarem conosco nesta luta, porque quem ganha é o município. Estamos lutando pelo auxílio emergencial e pela reparação socioambiental. Estamos adoecidos e sem condições de tratamento, por isso pedimos a implementação do protocolo de saúde dos atingidos. Também solicitamos que a Secretaria de Meio Ambiente e de Saúde esteja conosco nesta luta”. 

Durante o ato, Lúcio de Souza, pescador atingido da comunidade do Fhemig, em São Joaquim de Bicas, denunciou a falta de transparência e a demora na reparação: “Estamos aqui, tem gente consumindo peixe do rio, cadê as análises ambientais? A Vale não divulga para o povo, ela não quer pôr provas contra ela. Estamos aqui é para reivindicar nossos direitos, já vai para 7 anos e cadê a reparação?”. 

O ato reforçou que a defesa da Amazônia e do Rio Paraopeba está diretamente ligada à sobrevivência das comunidades atingidas e ao presente e futuro de todos e todas. Para as pessoas atingidas, cuidar da natureza significa também garantir saúde, justiça e dignidade às famílias que seguem aguardando reparação.  

Texto e fotos: Felipe Cunha/Aedas