Atingidas e atingidos da comunidade de Vieiras participam de formação sobre Povos e Comunidades Tradicionais


“Nós somos o começo, o meio e o começo. Nossas trajetórias nos movem, nossa ancestralidade nos guia” – Antônio Bispo dos Santos
No último sábado (18/10), as pessoas atingidas da comunidade de Vieiras, em Itatiaiuçu, participaram da formação sobre Povos e Comunidades Tradicionais. O encontro foi ministrado pelo professor, historiador e doutorando em História – UNICAMP, Francisco Phelipe Cunha Paz. A formação foi realizada a pedido da comunidade de Vieiras com o objetivo da população entender e conhecer o processo de identificação, reconhecimento e certificação de povos e comunidades tradicionais.
Durante a formação, a comunidade refletiu e debateu diversos conceitos importantes como: o que são povos tradicionais, o que é comunidade, quais elementos identificam uma comunidade tradicional. O historiador apresentou a legislação brasileira relativa aos Povos e Comunidades Tradicionais, além de trazer exemplos de como ocorrem as relações comunitárias e suas tradicionalidades. De acordo com o professor Phelipe Cunha, as legislações foram criadas para garantir direitos, respeitando as diferenças e as diversidades desses povos, como forma de assegurar a participação de comunidades tradicionais nas decisões que afetam seus modos de vida.


As pessoas atingidas compartilharam como utilizam os espaços da comunidade e refletiram como a Pedra Grande é um símbolo de união e integração entre eles e o território. Ainda explicaram como são as relações e a convivência entre as famílias. Para o atingido José Roberto, mais conhecido como Zezé, “a comunidade de Vieiras é complexa e tem suas subdivisões, como as áreas de Veloso, Cascalho, Samambaia, Mourão e Pedra Grande. Para mim, a comunidade de Vieiras é veias de águas e plantações de sobrevivência de famílias, vejo o Mourão como nascente, como vida”.
Na segunda parte da formação, os atingidos e atingidas se dividiram em grupos e construíram, coletivamente, uma cartografia social da comunidade de Vieiras para tentar identificar os pontos que reconhecem como sendo de comunidades tradicionais. As pessoas atingidas indicaram pontos de uso comunitário, pontos de turismo, os acessos à comunidade, pontos tradicionais, apontando ainda, plantas medicinais que costumam fazer uso. Além disso, lembraram das figuras de parteiras e benzedeiras, enquanto referências da comunidade. “Vieiras é acolhimento. Aqui, temos natureza, a samambaia, as orquídeas, a embaúba, as pessoas unidas”, apontou a atingida Fabiana Lima.


Essa formação, realizada na comunidade de Vieiras, faz parte de uma primeira etapa para possibilitar o início do processo de reconhecimento e certificação da comunidade de Vieiras como comunidade tradicional.






