Após uma semana sem água, moradores de Citrolândia realizam protesto na MG-115
Na última quinta-feira (28), moradores da região de Citrolândia, em Betim, realizaram um protesto na MG-115 para denunciar a falta de água em diversas comunidades. Em alguns locais, já são 8 dias sem água, como em Paquetá, Sol Nascente, Cruzeiro, Colônia de Santa Isabel, Alto da Boa Vista, São Marcos e outras. A população tem questionado a falta de informação e demora para restabelecer o fornecimento. Essas comunidades são atingidas pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que completou dois anos na última segunda-feira (25), e foram prejudicadas pela contaminação do rio Paraopeba, desde então.
Vera Lúcia, uma das moradoras que participavam da mobilização, conta que a situação está grave na sua residência, onde vive com o pai idoso e não tem água nem mesmo para beber. “Se você chegar lá em casa, não tem água no banheiro, está a maior sujeira nossa casa. Água nem para fazer comida”, reclama. Ela denuncia, ainda, que já realizou ligações para a empresa Copasa, mas nunca obtém respostas satisfatórias. Por outro lado, a fatura sempre chega em dia e com valores de cobrança elevados.
Geiza Cristina, que também participou do protesto, fala que a falta de água tem prejudicado, inclusive, seu trabalho com a venda de lanches. “Eu trabalho por conta própria e estou perdendo dias de serviço. Está um absurdo”, afirma. Depois dessa manifestação, os moradores e as moradoras conseguiram que a Vale e a Copasa fornecessem caminhões pipa para algumas comunidades, até que a situação do fornecimento seja regularizada.

Segundo Clarissa Pais, coordenadora de mobilização da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas) no território, a assessoria técnica tem recebido denúncias de falta de água desde a quinta-feira (21/01). “A gente produziu um ofício a ser encaminhado ao Comitê Justiça Pró-Brumadinho, Copasa, Instituições de Justiça (Defensoria Pública e Ministério Público) e à mineradora Vale, solicitando a regularização do fornecimento de água nessas comunidades”, conta.
À equipe da Aedas, a gerência da Copasa, em Betim, disse que o problema aconteceu em função de uma rede entupida, mas que já tinha sido resolvido o problema na noite do dia 28. Mas a situação do fornecimento de água ainda não foi normalizado. Até o momento, a assessoria não obteve respostas das demais instituições. O ofício foi feito pelas comissões do Cruzeiro, Colônia e Monte Calvário. Temos notícia que outras comunidades também estão com o mesmo problema de falta de água.
Matriz de Medidas Reparatórias Emergenciais
De acordo com a Matriz de Medidas Reparatórias Emergenciais, em Betim, 72% das pessoas atingidas afirmaram receber água da COPASA com irregularidade, isto é, com interrupções semanais no abastecimento. Quando perguntados se sentiam segurança para utilizar a água da COPASA, 69% das pessoas atingidas em Betim responderam que se sentiam inseguras. Além disso, 85% consideram que a água da Copasa distribuída em Betim é de má qualidade e mais de 80% acreditam ser necessária a realização de uma análise independente da água distribuída. A Matriz é um documento elaborado com a participação de 3066 pessoas de Betim com o apoio técnico da Aedas, que atua como assessoria técnica independente.
