Após ter seu bem mais precioso arrancado, Andressa segue na luta por justiça para as vítimas, pelo encontro de todas as joias e pela memória para que não se repita

Andresa Rodrigues teve sua vida transformada para sempre no dia 25 de janeiro de 2019. Moradora de Mário Campos, cidade mais próxima de Brumadinho, foi mãe aos 14 anos de Bruno, seu único filho. Construiu sua vida, sua família com muita luta, amor e dedicação.

Bruno cresceu, formou-se em técnico de mineração e depois tornou-se engenheiro. Foi trabalhar na Mina Córrego do Feijão. Naquele dia em que seu coração também foi levado, Andresa estava com sua mãe no hospital. Ficou sabendo que a barragem tinha rompido e logo mandou uma mensagem para seu filho. A mensagem que nunca chegou para Bruno, segue em seu aplicativo de conversa até hoje.

Mário Campos, além de Bruno, também era lar de outras 19 joias. Enquanto mãe, com muita luta e dor aguardou pelo corpo de seu filho por 105 dias.

4 anos depois, 3 das 272 joias ainda não foram encontradas até a construção desse perfil. Andressa tinha uma vida de paz, bem-estar, sossego e após ter seu bem mais precioso arrancado, ela segue na luta por justiça para as vítimas, pelo encontro de todas as joias e pela memória para que não se repita. Ela é associada a Avabrum, Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Mina Córrego do Feijão.

“De quanto vale uma vida para Vale? É um dinheiro do nosso sangue. Para quem não perdeu a vida, tudo é recuperável, só não se dá jeito para a morte, essa não se recupera. Na lama, há sangue e lágrimas.”
A negligência e a ganância da Vale ceifaram 272 vidas. Andresa indaga: a justiça tarda, mas não falha? Falha!A Vale segue sem punição. A saudade dói.

“Por justiça para as vítimas, pelo encontro de todas as joias e pela memória para que não se repita”

Texto: Felipe Cunha