Aedas inicia devolutivas de estudos socioambientais e de saúde feitos em Brumadinho
Em Brumadinho, iniciaram neste mês de maio as devolutivas dos resultados do estudo para levantamento de danos Socioambientais e na Saúde, realizado pela Aedas. As coletas analisadas incluem amostras de ar, água de consumo humano, água subterrânea, peixes, solos, poeira intradomiciliar e solo superficial. Os estudos foram feitos com a consultoria Archipel ao longo de 2021 e 2022.
Na região 2, o estudo socioambiental está em fase de finalização e as devolutivas dos resultados seguirão a mesma metodologia de diálogo com as Comissões, famílias participantes do levantamento e comunidades diretamente envolvidas, nos próximos meses.
Foram 312 amostras coletadas em 284 pontos de coleta em todo o território de Brumadinho. Foram feitas duas campanhas de coletas, uma em setembro e outra em dezembro de 2021.

O coordenador da equipe Socioambiental da Aedas em Brumadinho, Thomas Parrili, explicou que primeiro serão divulgados os resultados para as famílias atingidas que participaram diretamente dos estudos. Afinal, foram essas famílias que abriram as portas de suas casas e propriedades para que as equipes da Aedas coletassem as amostras.
“As primeiras pessoas que devem ter contato com os resultados são as dos locais em que realizamos as coletas”, informou Thomas.
Após a etapa das devolutivas individuais, serão feitos diálogos nas comunidades. Nelas, as famílias poderão conversar com seus vizinhos e comunidade em geral sobre como esses resultados interferem na realidade da saúde e do meio ambiente onde elas vivem.
“Alguns resultados são de interesse comunitário, como por exemplo uma caixa d’água, o resultado de um córrego ou de um poço que abastece uma comunidade toda. Então esse processo em etapas nos ajuda a ter cuidado com os atingidos ao receberem esses laudos”, completou o coordenador.
Com o apoio da Aedas, o objetivo é organizar, nas devolutivas comunitárias, quais são os encaminhamentos e pedidos que as comunidades desejam ter como respostas da empresa responsável Vale S/A e do poder público, após receberem esses resultados.
MAIS ESTUDOS SÃO NECESSÁRIOS
“Em termos de Avaliação de Risco à Saúde Humana (ARSH), este é um estudo inicial e os riscos indicados devem ser tratados como potenciais, ou seja, são necessários outros tipos de estudos para confirmar e compreender os reais riscos à saúde humana”, apontou Jerônimo Vaz, técnico da equipe de Saúde da Aedas em Brumadinho.
Novas devolutivas estão previstas para Brumadinho e também para os municípios da região 2
A Aedas segue uma metodologia específica para as devolutivas que envolvem comunicação de risco. Para esses casos, são previstos espaços de escuta e diálogo com as pessoas atingidas. Trata-se do direito a participação informada através de uma comunicação responsável, afinal, falar sobre esse tipo de informação sem a preparação e cuidado devido, pode causar mais impactos na vida das pessoas atingidas pelo desastre da barragem da Vale.
Em Brumadinho, outro estudo que envolve a comunicação de risco e, portanto, novos momentos de diálogos em campo com as famílias e comunidades diretamente envolvidas, é o de Levantamento dos danos à Moradia, infraestrutura e bens móveis, atualmente em finalização. Na Região 2, da mesma forma, serão divulgados os mesmos estudos a partir de cronogramas específicos.
Outras consultorias finalizadas que não envolvem comunicação de risco:

COMO ESSES RESULTADOS CONTRIBUEM PRA MEDIDAS DE REPARAÇÃO?
Os diagnósticos coletados e analisados pelas consultorias são importantes para nortear, por exemplo, os projetos de Demandas das Comunidades (Anexo 1.1) e Matriz de Dados e de Reconhecimento, por exemplo.
“As equipes das consultorias realizam um trabalho especializado junto as pessoas atingidas e contribuem para irmos mais a fundo na identificação da diversidade de danos, e também sobre a análise desses danos com base em metodologias cientificas. São documentos que vão alimentar os instrumentos e propostas de reparação e que também podem servir como provas”, explicou Juliana Funari, coordenadora na Região 2.
Texto: Valmir Macêdo