Casa, lar, refugio, meu canto. Todo mundo tem um para chamar de seu, não é? Infelizmente não. Todos e todas tem direito á moradia, mas isso nem sempre é garantido. Algumas famílias atingidas pelo acionamento do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração tiveram que sair de suas casas e hoje não podem acessar sua casa, seu lar, seu refúgio, seu canto. Isso porque suas casas estão em área de risco.

Para escutar e entender como se sentem e quais os danos causados as famílias que tiveram que sair de suas casas devido ao acionamento do Plano foi realizado o V Seminário Temático: Direito á Moradia, pela Assessoria Técnica da AEDAS em Itatiaiuçu. A escuta das famílias contribuirá para a construção do Plano de Reparação Integral.

Maria da Conceição Costa Ribeiro, atingida de Itatiaiuçu afirmou que os seminários ajudam a entender os direitos: “em relação aos seminários que a gente tem assistido é muito bom porque a gente vem aprendendo, aprendendo muitas coisas que a gente não sabia, sobre nossos direitos”. A atingida ainda desabafou sobre ter que sair de sua casa e ir morar de aluguel: “acho que a agonia que a gente tá é para resolver, temos vontade de voltar as atividades da gente, voltar para a moradia, pra gente dá continuação a vida, porque a vida está parada, estamos de aluguel como se fosse de favor. A gente sente como se morasse de favor. Na casa da gente temos espaço para pensar, refletir, tudo que você deseja está ali para você trabalhar em cima daquilo, e em casa alugada você não tem essa intimidade, essa vontade fazer nada”, finalizou Maria.

A Atingida acredita que os seminários e os grupos de base que participa têm ajudado a passar pelo processo de ser atingida e ter paciência para esperar a reparação integral. “A gente está no seminário e nos grupos e estamos aprendendo e tendo mais paciência para esperar. Porque o que resta é caminhar junto e ter paciência para esperar pra nós vermos o resultado”, concluiu Maria da Conceição.

Seu José da Cruz, de Lagoa das Flores, concorda com Maria da Conceição. Para seu José os seminários são uma forma de promover troca e conhecimento entre atingidos e atingidas. “Pra mim está sendo valioso, estas coisas que estão acontecendo com a gente, não tínhamos experiência com nada e através do seminário que está tendo, com a AEDAS, está fazendo uma coisa muito boa pra gente, estamos aprendendo, estamos nos informando”, explicou.

Com o acionamento do PAEBM, no dia 8 de fevereiro, 135 núcleos familiares foram deslocados de suas casas pelo menos uma vez. E segundo informações dos materiais digitais disponibilizados pela ArcelorMittal, 223 terrenos estão na área de risco ou próximo.

A AEDAS em Itatiaiuçu já realizou 5 seminários Temáticos até o momento: Caseiras e Caseiros, Sitiantes, Comerciantes, Mulheres e Crianças e Direito á Moradia. Ainda em 2019 serão realizados mais três seminários temáticos: Produtores (as) Rurais, Jovens e Idosos e Saúde.