Eram cinco horas da manhã quando Josana Pereira teve que deixar sua casa e seus pertences às pressas, e buscar abrigo em uma escola da rede pública de Brumadinho. Com a chuva forte, ela, seus dois filhos e sua vizinha não haviam dormido, sabendo do risco que corriam.  

“Aqui era um quarto de limpeza, meu telhado foi parar ali”, mostra a atingida, que ainda retirava todo o entulho que a lama trouxe. (Clique aqui e vá para a lista dos materiais e pontos de doação). 

Na imagem, telhado de cômodo foi arrastado para fora do terreno. Com risco de desabamento, algumas paredes foram retiradas. Foto: Comunicação Aedas

Sua casa, no bairro Progresso em Brumadinho, nas margens do Rio Manso, foi totalmente alagada. A força da água destruiu seu galinheiro, um quarto de limpeza, fez ceder o piso e rachar o muro do seu quintal.  

Cansada de ficar em um abrigo improvisado em uma escola, na quarta-feira (26), mais de duas semanas depois do início das enchentes, Josana já estava em sua casa, onde mora há 15 anos. O nível da água havia baixado, mas deixado suas marcas nas paredes, no teto e nos pertences que Josana não conseguiu resgatar. 

Sacolas com roupas enlameadas faziam pilha à espera da máquina de lavar. Dentre as roupas, valor emocional: a mochila dos filhos quando eram bebês e uma camisa do padrasto falecido de quem Josana sente muita falta. “Isso aqui é o que não tem preço”, diz ela abalada mostrando tudo sujo de lama. 

O nível da água chegou ao teto da casa. As tomadas nas paredes e até o forro de PVC ficaram cheios de uma lama pegajosa e com cheiro forte. Na casa vizinha, o nível do rio chegou até a caixa d’água, que fica acima da laje da residência. 

“O crime da Vale começou dia 25 e não acabou, não”, repetia Josana enquanto mostrava a lama em toda a sua casa e seus pertences. 

ENCHENTES INTENSIFICAM DANOS DO ROMPIMENTO 

Centenas de pessoas atingidas tiveram que sair às pressas de casa por conta das enchentes em Brumadinho e na Bacia do Paraopeba que atingiram a região nas primeiras semanas de janeiro, véspera dos 3 anos do rompimento da barragem. 

Com a água da chuva e o volume dos rios elevado, a lama invadiu casas, ruas e comunidades. Alguns locais ficaram literalmente debaixo d’água.  

A força das águas resultou em mortes, moradores ilhados, pontes e estradas danificadas, e muito prejuízo para as famílias, que perderam conquistas de toda uma vida. Sem poder voltar para suas casa, muitas pessoas tiveram que ir para abrigos e casas de familiares, onde estão até hoje. 

A situação de calamidade pública das enchentes reforça, nos relatos das pessoas atingidas, a reincidência de danos decorrentes do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho e de novos danos e traumas sofridos, mesmo três anos após o desastre. 

A água barrenta que vem com as enxurradas intensifica antigos problemas como o risco da contaminação, doenças de pele e intestinais e traumas psicológicos. Com a necessidade de evacuar suas residências, problemas de déficit habitacional nos municípios se intensificam como a ausência de casas disponíveis com valor do aluguel acessível à renda familiar.

E o pior, novas vítimas fatais como o morador de Betim que não resistiu após um deslizamento que atingiu sua casa no bairro Citrolândia, no dia 8 de janeiro. 

Cadeiras e utensílios domésticos em meio a lama em Brumadinho. Foto: Comunicação Aedas.

SAIBA COMO AJUDAR: CAMPANHA JÁ DOOU MAIS DE 200 LITROS DE ÁGUA E CESTAS BÁSICAS 

Somada a uma grande rede de solidariedade, a Aedas já conseguiu doar mais de 200 litros de água mineral, mais de 250 cestas básicas e 200 kits de higiene pessoal. Também foram distribuídos 80 kits de limpeza e mais de 50 galochas e 150 luvas, para ajudar na proteção das pessoas durante a limpeza das casas, evitando o contato direto com a lama e entulhos.  

A solicitação é feita pelas pessoas atingidas via equipe de Mobilização da Aedas no bairro ou comunidade. Uma das solicitações mais recorrentes é a de doação de materiais de construção, para a reforma ou construção do que foi perdido. 

Lista de itens para pedido de doação:  

– Tinta  

– Pincel, rolo de pintura  

– Móveis  

– Colchões  

– Utensílios domésticos,   

– Roupas de cama  

– Brinquedos  

– Água  

– Alimentos  

– Materiais de limpeza  

– Materiais de higiene  

Não estamos mais recebendo roupas  

A Aedas agradece a doação de roupas que foram arrecadadas em grande quantidade e não estão mais entre os itens solicitados pelas pessoas atingidas. Apenas roupas de cama estão entre os pedidos de doação que chegam para a assessoria. 

PONTOS DE APOIO 

Brumadinho, Don’atila Henrique da Silva, 155, Lourdes  

Betim, Juscelino Kubitschek, 700  

Belo Horizonte, Espinosa 196 

De segunda a quinta de 8h à 18h
Sexta de 8h às 17h

DOAÇÕES FINANCEIRAS

Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB)
Bancos do Brasil – Ag. 1230-0
Conta Corrente: 118806-2
Pix: CNPJ : 73.316.457/0001-83

Providens Ação Arquidiocesana Social
Banco Santander – Ag. 3476
Conta corrente: 13077880-2
CNPJ: 17.272.998/0001-86

Vicariato para Ação Social
Banco do Brasil – Ag. 3494-0
Conta corrente: 26227-7
CNPJ: 17.505.249/0280-80