Pescadores e pescadoras atingidos de Minas Gerais presentes na reunião em Timóteo/MG.

Na última quinta-feira (07), 41 pessoas dos territórios atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais, reuniram-se com representantes do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para dialogar sobre o PROPESCA e a atividade pesqueira na Bacia do Rio Doce. 

Na ocasião, os(as) pescadores(as) apresentaram suas dúvidas e demandas relacionadas à retomada da pesca, à qualidade do pescado, à diversificação econômica dos(as) profissionais e ao prazo estabelecido no Acordo de Repactuação em relação ao Registro Geral da Pesca (RGP) – documento obrigatório para acesso às medidas indenizatórias. 

Além disso, pontuaram sugestões para o Plano de Reestruturação da Gestão da Pesca e Aquicultura (PROPESCA) e propuseram formas de garantir a participação social nas ações de reparação. 

Saiba mais sobre o que foi debatido em relação ao PROPESCA

Durante o encontro, Diogo Nunes, diretor do Departamento de Inclusão Produtiva e Inovações da Secretaria Nacional de Pesca e Aquicultura (SNPA/MPA), e Raniere Sabará, Economista do MPA, apresentaram o Plano, previsto no Anexo 10 do Acordo de Repactuação; como ele foi construído; os recursos disponíveis e seus eixos temáticos. 

Diogo Nunes, da Secretaria Nacional de Pesca e Aquicultura, Ministério da Pesca e Aquicultura, fala aos atingidos.
Diogo Nunes, da Secretaria Nacional de Pesca e Aquicultura (MPA).

O PROPESCA tem como objetivo principal reconstruir e fortalecer a pesca e a aquicultura na Bacia do Rio Doce, promovendo condições de trabalho dignas, qualidade de vida e a sustentabilidade da atividade pesqueira.

Foram destinados 2,44 bilhões de reais para a reestruturação de toda a Bacia, sendo: 

  • 1,5 bilhão para projetos geridos pela União;
  • 489 milhões para projetos geridos pelo estado de Minas Gerais; 
  • 450 milhões para projetos geridos pelo Espírito Santo.

Os recursos serão empregados em sete eixos temáticos: 1. Ordenamento, zoneamento e recuperação dos recursos pesqueiros; 2. Monitoramento e pesquisa; 3. Fiscalização; 4. Assistência técnica, qualificação e extensão; 5. Infraestrutura e estímulo à diversificação econômica; 6. Medidas de amparo aos pescadores artesanais; e 7. Gestão, comunicação e participação social. 

O programa prevê que esse conjunto de ações seja desenvolvido de forma compartilhada (entre União, estados e instâncias de participação social). Suas ações serão monitoradas, portanto, pelo Conselho Federal de Participação Social.

Diogo Nunes informou que o PROPESCA foi lançado em maio de 2025, mas que será possível realizar análises e complementações, de acordo com o que for dialogado com as pessoas atingidas. Ele também ressaltou a importância desse espaço de diálogo, “num processo de escuta dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, compreendendo o que eles querem e o que eles propõem de sugestões, de desafios, de oportunidades dentro do novo acordo do Rio Doce”.

Raniere Sabará, economista do MPA, fala aos atingidos durante apresentação.
Raniere Sabará, economista do MPA.

Raniere Sabará reforça importância da participação das pessoas atingidas e pontuou que o PROPESCA é um programa de ações coletivas, “com mais de 32 ações que contemplarão todas as pessoas”. Explicou, ainda, que o PROPESCA visa o desenvolvimento dos territórios “a partir da autonomia econômica e social das pessoas atingidas e, para além da retomada da atividade pesqueira, a gente consiga fazer um processo de retomada da organização comunitária e política das pessoas da cadeia da pesca”. 

Para além disso, medidas indenizatórias previstas no Acordo de Repactuação para pescadores(as) atingidos(as) já começaram a ser implementadas, como o Sistema Agropesca, que visa indenizar agricultores(as) familiares e pescadores(as) profissionais que atendem aos critérios estabelecidos; além do Programa de Transferência de Renda (PTR), que garante um valor mensal, ao longo de quatro anos, a esses profissionais que perderam sua renda após o rompimento da barragem de Fundão.

Diogo Nunes destacou, também, que o MPA continuará atuando junto às comunidades para a conquista de direitos, firmando o compromisso em “levar a Brasília, ao governo federal e ao Ministério da Pesca tudo o que foi pautado aqui, para tentar amenizar o sofrimento dessas populações”.

Cobertura conjunta das Assessorias Técnicas Independentes da Bacia do Rio Doce | Texto: Cáritas Itabira | Fotos: Aedas

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