Com circulação mensal nas regiões 1 e 2, o periódico reflete a luta das pessoas atingidas e o cotidiano da reparação

Distribuição em campo do jornal | Foto: Acervo Aedas Paraopeba

Há três anos era impressa a primeira edição do Jornal Vozes do Paraopeba, o periódico mensal da Aedas, assessoria técnica independente dos atingidos das regiões 1 e 2 da Bacia do Paraopeba e Represa de Três Marias vitimadas pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão.

Da primeira edição até a atual (36ª), o Vozes do Paraopeba levou para o território as principais notícias que envolvem a reparação, a vida da população atingida, o cotidiano dos territórios e seus danos causados pelo rompimento.

Já são mais de 300 mil exemplares impressos, que levaram aos leitores temas como o Anexo I.1, o direito à ATI, a luta dos Familiares de Vítimas Fatais, das mulheres, da população negra, pela saúde e qualidade de vida no território atingido, entre outros.

Elaine Bezerra, da coordenação de comunicação, distribui o jornal durante ato em Belo Horizonte | Foto: Felipe Cunha – Aedas

Nesta edição, vamos falar sobre essa ferramenta de comunicação a serviço da população atingida. “Quando pensamos na edição de um jornal impresso, o nosso objetivo era ter uma ferramenta de comunicação que chegasse até a casa das pessoas atingidas e aos espaços comunitários dos territórios assessorados pela Aedas. Tudo foi planejado para que ele fosse o mais acessível possível na linguagem, na sua forma gráfica e expressasse as reais demanda dos territórios atingidos”, relembra Elaine Bezerra, coordenadora de comunicação da Aedas Paraopeba.

O Vozes do Paraopeba é resultado de um trabalho coletivo da equipe de comunicação no diálogo com a pessoas atingidas, como destaca Diva Braga, Gerente Geral de Participação Informada do Projeto Paraopeba: “O Jornal é um orgulho para nós. São três anos, ininterruptos, em que as pessoas atingidas das regiões 1 e 2 recebem mensalmente o jornal Vozes do Paraopeba em mãos (…)

O jornal Vozes do Paraopeba também foi utilizado como material de apoio em formações sobre direitos humanos | Foto: Júlia Rohden – Aedas

O Jornal é um organizador coletivo das pessoas atingidas e suas diversas pautas, cumprindo um papel importante para a mobilização boca a boca, na acessibilidade daqueles que não acessam internet, na identificação de sua imagem, suas histórias. Em suas páginas, a equipe de comunicação, com seus jornalistas e designers, traduz em forma (diagramação e projeto gráfico) e conteúdo (matérias, reportagens, histórias, agendas) o trabalho de todas as equipes da Aedas e das pessoas atingidas no processo da Reparação. O Vozes é Participação Informada com jornalismo, poesia, literatura e luta social”, finaliza Diva Braga.

Pessoas atingidas posam para foto com o jornal | Foto: Felipe Cunha – Aedas

Espaço de informação, o Vozes do Paraopeba tem também um cantinho reservado para contar sobre a vida das pessoas atingidas. Produzida pelo jornalista Felipe Cunha, a coluna Histórias Atingidas estreou na edição 14, de fevereiro de 2023, e mensalmente leva ao leitor a história de vida da pessoa entrevistada e sua relação com o território.

“Cada história atingida é um encontro que me afeta e me permite conhecer, de perto, a trajetória das pessoas atingidas unidas por um fio em comum: os danos causados pela mineração em suas vidas. Acredito que o jornalismo, a fotografia e o texto são pontes sensíveis, capazes de costurar memórias, dar voz e mostrar a força do povo em suas lutas”, contou Felipe Cunha.

O jornalista Felipe Cunha durante entrevista para a coluna Histórias Atingidas | Foto: Acervo Aedas Paraopeba

A redação e a impressão são etapas importantes para o jornal. É a consolidação da informação no veículo que vai comunicar com a população atingida. Além delas, a distribuição é outra parte essencial para que todo o processo se realize. Quem promove essa etapa é a equipe de Mobilização Social, que também integra o Eixo de Participação Informada, juntamente com a Comunicação.

Mensalmente, o jornal é entregue para as lideranças atingidas dos territórios das Regiões 1 e 2. São, ao todo, sete municípios em que circulam os exemplares: Brumadinho, Mário Campos, Betim, São Joaquim de Bicas, Juatuba, Igarapé e Mateus Leme.

Edição 22 do jornal sendo distribuída | Foto: Diego Cota – Aedas

Para Jota Campos, mobilizadora social na Região 2, a dinâmica de distribuição do jornal fortalece os vínculos comunitários e os da ATI com as comunidades. “O jornal é um meio onde o povo atingido pode se ver sendo protagonista, reconhecendo nas histórias dos outros companheiros atingidos as suas próprias lutas e vitórias”, disse.

“Receber o jornal é importante, pois fortalece o vínculo entre a Aedas e as atingidas e atingidos e, ao mesmo tempo, fortalece também o vínculo das lideranças com suas O jornal é um meio onde o povo atingido pode se ver sendo protagonista comunidades, pois elas contribuem distribuindo os jornais para seus vizinhos e amigos”, acrescentou a mobilizadora.

Nesses três anos, o Vozes do Paraopeba tem se mostrado um veículo potente de construção de uma comunicação popular para a garantia da participação informada e fortalecimento do protagonismo das pessoas atingidas na luta por reparação integral e justa.

Jornal sendo utilizado em formações da Aedas e distribuído na Região 2 | Foto: Acervo Aedas Paraopeba

Texto: Diego Cota | Aedas


Leia essa e outras matérias na 36ª edição do Jornal Vozes do Paraopeba

Vozes do Paraopeba – 36ª edição: Políticas do Patrimônio e a Defesa dos Territórios Negros