Vozes do Paraopeba – 36ª edição: Políticas do Patrimônio e a Defesa dos Territórios Negros
No Dia Nacional de Zumbi e Consciência Negra, relembramos a importância da conquista da liberdade do povo negro

A exploração mineral e o racismo ambiental
O rompimento da barragem da Vale S.A. em Brumadinho é, em sua essência, um retrato do Racismo Ambiental que construiu a ocupação do país e ditou a exploração do minério. Levando em consideração o território de Minas Gerais, cerca de 80% das barragens de mineração estão localizadas em territórios cuja maioria da população é negra. Segundo dados da Aedas, as pessoas atingidas nas Regiões 1 e 2 da Bacia do Paraopeba são majoritariamente negras, sendo 54% na R1 e 47% na R2.
O Racismo Ambiental pode se manifestar em medidas, práticas ou atividades que, direta ou indiretamente, prejudiquem pessoas, grupos, comunidades ou territórios por motivos de raça ou cor. Empreendimentos minerários são implantados geralmente em regiões ocupadas por populações que sofrem com a escassez de oferta de serviços públicos e estão mais propícias a situações de vulnerabilidade social, como falta d’água, enchentes e problemas no acesso a direitos.

Cartaz com palavra-chave utilizado na formação com os povos tradicionais, realizada no Córrego do Feijão | Foto: Felipe Cunha – Aedas
Ademais, a prática extrativista desenfreada coloca em risco o território dos povos e comunidades tradicionais e suas práticas de preservação ambiental, condição para sua reprodução cultural, socioeconômica e ancestral. Há um vínculo estreito entre esses povos e a população negra, e esse manejo a partir do conhecimento tradicional é fundamental para a continuidade da própria biodiversidade.
Neste mês de novembro, que marca a luta contra o racismo no país, a Aedas reafirma o compromisso com as categorias sociais e coletividades vulnerabilizadas e com os grupos culturalmente diferenciados na luta pela reparação integral e justa que contemple a especificidade destes grupos.
Boa Leitura!
Nesta edição você também vai encontrar
📰 VOZES DA GENTE: Lideranças comentam sobre a oficina de comunicação e celebram os 3 anos do Jornal Vozes do Paraopeba
📰 HISTÓRIAS ATINGIDAS: Kelma Araújo, do Parque da Cachoeira, em Brumadinho, reflete sobre as marcas do passado e as lutas do presente
📰 RECONHECIMENTO: Quilombo Rodrigues conquista o direito de renomear ruas em homenagem a seus antepassados
📰 COMUNICAÇÃO: Jornal Vozes do Paraopeba completa 3 anos e se consolida como ferramenta popular de comunicação nos territórios atingidos
📰 ATUALIZAÇÕES DO PTR: FGV divulga data para redução de parcelas e regularização de documentos
Confira abaixo a edição completa do Jornal Vozes do Paraopeba
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Este Jornal é produzido com recursos provenientes do acordo de reparação. Honramos a memória das 272 joias ceifadas no rompimento da barragem da Vale S.A em Brumadinho, ocorrido em Janeiro de 2019.
Equipe de comunicação Aedas Paraopeba: Aleff Rodrigues (designer), Diego Cota, Douglas Andrade, Elaine Bezerra (coordenação), Felipe Cunha, Isis de Oliveira, João Paulo Dias, Júlia Rocha (designer), Júlia Rohden, Lucas Jerônimo,Valmir Macêdo (gestor operacional), Wagner Túlio Paulino (designer)