Nova fase dos coletivos inclui “vigilância popular em saúde”

Surgidos em meados de 2022, os coletivos de saúde e reparação socioambiental tiveram, inicialmente, a criação de dois grupos: um de acompanhamento das pautas da saúde e o outro dos assuntos da reparação socioambiental.

Recentemente, a partir de alterações no plano de trabalho da Assessoria Técnica Independente, optou-se por juntar esses coletivos, formados por lideranças comunitárias, em um coletivo por região.

A pauta principal do debate dos coletivos são os Estudos de Avaliação de Risco à Saúde Humana e Risco Ecológico (ERSHRE) e a Recuperação Socioambiental – Anexo II –, prevista no Acordo Judicial de Reparação.

Lideranças atingidas da Região 2 participam de oficina de Vigilância Popular em Saúde | Foto: Kalahan Battiston – Aedas

Em 9 de julho, os coletivos retomaram suas atividades para o aprofundamento de temas que são fundamentais para o processo de reparação. O objetivo é também qualificar as lideranças, os agentes multiplicadores para a participação informada.

No dia 27 de julho, o coletivo da Região 2 participou de uma Oficina sobre Vigilância Popular em Saúde, realizada no escritório da Aedas, em Betim. Essa foi a primeira reunião presencial do grupo após quase um ano.

Na ocasião, foram trabalhados os conceitos, com as contribuições das lideranças atingidas no debate. Um dos objetivos é que os coletivos sejam auto-organizados para que possam seguir acontecendo, mesmo quando o acompanhamento da ATI for encerrado no território.

PARTICIPAÇÃO INFORMADA

Ciranda da Aedas aborda os temas da Reparação durante reunião dos coletivos | Foto: Felipe Cunha – Aedas

De acordo com Kleiton da Silva, os espaços participativos fundamentam as disputas por direitos. “Os coletivos acontecem para subsidiar com informações de qualidade, de forma mais assertiva, a luta dos atingidos, entendendo o que está em jogo, e estar acompanhando com maior propriedade esse tema, que é um tema importante. Então é bom que a gente esteja atento em grupo”, afirma.

Outro tema de reflexão pelos coletivos são os pontos de atenção que aparecem nas reuniões mensais da Aecom, empresa que audita esses estudos relacionados à saúde, à reparação que são financiados pela Vale, como explica Kleiton Silva.

A Aedas tem uma cadeira como ouvinte nessa reunião [da Aecom], e aí o que a gente faz é que mensalmente a gente ouve a reunião, seleciona os pontos de atenção principais dentro da dos projetos que são apresentados ali pela auditoria e faz a publicação de uma matéria no site da Aedas e, na reunião do coletivo, fazemos a discussão qualificada”, diz Silva.

O POVO DE OLHO

Para a retomada dos coletivos neste ano, pelas diretrizes do novo plano de trabalho da ATI, o tema “vigilância popular em saúde” foi inserido nos coletivos com a apresentação de conceitos, já que o objetivo é que as pessoas atingidas tenham maior autonomia em relação às pautas.

Da comunidade Vale do Sol, em São Joaquim de Bicas, Maria Santana Alves, fala sobre a importância do recomeço dos coletivos. “É importantíssimo esse passo, essa volta desse coletivo, da gente voltar a discutir esse assunto, é muito importante. Esse é um assunto que não pode parar, mesmo porque ainda não foi reparado, né?! Ainda está iniciando essa reparação, mas é só um iniciozinho mínimo do mínimo. Ainda há muito que se discutir”, avalia a liderança.

Um exemplo da relevância da participação popular é que, recentemente aconteceu uma consulta pública sobre o protocolo de saúde, que é o documento que irá orientar os profissionais de saúde dentro das unidades básicas de saúde em Brumadinho, e as discussões do coletivo ajudaram a melhorar o alcance da consulta
no que diz respeito às necessidades reais das pessoas atingidas.

Ainda segundo Kleiton Silva, da Aedas, a intenção é que os encontros dos coletivos de saúde e reparação ambiental aconteçam, pelo menos, a cada dois meses. A previsão é de cinco reuniões, de julho a novembro deste ano, nos formatos presencial e virtual.

Texto: Lucas Jerônimo

Confira essa e outras matérias na edição 33 do Jornal Vozes do Paraopeba

Vozes do Paraopeba – 33ª edição: Reparação Socioambiental só com Participação Informada