25 de janeiro de 2019, nós nunca esqueceremos. Peterson e todas as outras joias, presentes!

Dona Malvina mostrando fotografias ao lado de seu filho Peterson, vítima do desastre-crime ocorrido em janeiro de 2019 em Brumadinho | Foto: Felipe Cunha – Aedas
Malvina, de 66 anos, nasceu no Tejuco, comunidade de Brumadinho, localizada na encosta da Serra Três Irmãos. Desempenhou com amor e dedicação o papel de mãe para quatro filhos, duas meninas e dois meninos, todos criados na mesma comunidade. Entre esses amores, tem Peterson, carinhosamente chamado de Teco, que além de ser seu filho, também era pai e amigo.
No dia 25 de janeiro de 2019, aos 34 anos, a vida de Peterson foi interrompida pela lama de rejeito tóxico da mineração enquanto ele trabalhava entregando documentos na Mina Córrego do Feijão, onde dedicou um ano de sua vida. A mineradora Vale S.A fez de Teco uma das 272 vítimas desse desastre-crime.
Após o rompimento, Malvina mudou-se para São Conrado, bairro da sede de Brumadinho.
“O rompimento me atingiu profundamente. Desde então, tenho vivido à base de medicação pelos últimos 5 anos – algo que nunca precisei antes e que agora se tornou uma constante em minha vida.”


Lembrando de Peterson, sua mãe descreve como eles eram próximos: “Peterson era um filho que sempre conversava muito comigo. Eu sempre tive medo de que algo pudesse acontecer a ele, de que alguém pudesse machucar ele.”
Peterson tinha uma predileção especial por frango frito com arroz, maionese e tutu de feijão. As memórias da infância de Teco eram cheias de momentos felizes, como jogar bola na posição de goleiro em um time do Córrego Fundo e do Tejuco. Malvina recorda: “Na infância e adolescência, às 16h, ele já estava em campo. Se quisesse encontrá-lo, era lá.”
Malvina e outros familiares fazem ato por Justiça, Encontro, Memória, Não Repetição e Direito dos Familiares todo dia 25. Ela expressa a frustração com a lentidão do sistema judicial, enfatizando a falta de responsabilidade por parte dos culpados.
“Presos estão apenas os que morreram, e nós, familiares e mães, que permanecemos ‘presas’ em nossas memórias e em busca por justiça. A lembrança de nossas joias vem a cada dia, seja ao dormir, acordar ou comer.”
Peterson, assim como as outras 271 joias, jamais serão esquecidos. “Todos os dias, Peterson está presente em minha memória. Ontem, pedi a Jesus que cuidasse dos meus quatro filhos, incluindo ele. Digo a Teco que não foi um adeus, mas um até breve.”
O luto de Malvina representa, também, as outras mães em luto: “Em minha dor e minha luta, represento todas elas.”
Peterson e todas as outras joias, presentes!



Fotos e texto: Felipe Cunha | Aedas
Jornal Vozes do Paraopeba
Esta narrativa integra a edição de janeiro de 2024 do jornal Vozes do Paraopeba, marcando o quinto ano do desastre-crime em Brumadinho.
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