Esta história é uma homenagem ao Sr. Norival, que completou 104 anos de idade e é morador da comunidade de Ponte das Almorreimas, em Brumadinho

Norival José Alves, nascido em 16 de agosto de 1919, é um notável senhor, caracterizado por seu coração repleto de afeto, mente aberta e uma memória louvável. No mês passado, ele celebrou seu 104º aniversário.

Uma celebração centenária teve lugar em sua comunidade, no estabelecimento da sua companheira, localizado em Ponte das Almorreimas, em Brumadinho.

Sr. Norival teve 5 irmãos, 6 filhos, dos quais apenas 3 estão vivos, além de 4 netos e 4 bisnetos. Nasceu no município de Rio Bonito, no estado do Rio de Janeiro, onde residiu por mais de cinco décadas, antes de se mudar para o estado de Minas Gerais. Isso o torna uma mistura de fluminense e mineiro. Inclusive disse que no Rio é Vascaíno e em Minas, Cruzeirense.

Desde uma idade muito jovem, aos 8 anos, ele já trabalhava na agricultura, ajudando seu pai. Na adolescência, seu pai lhe disse: “Agora, comece a cultivar para si mesmo.” Ele fez roça de mandioca, cana-de-açúcar, criou galinhas, engordou porco e ganhou algum dinheiro com isso, o que continuou até seus 21 anos.

Ele reservava parte do dinheiro que ganhava para comprar tecidos e enviá-los à costureira, que confeccionava suas roupas. Naqueles tempos, era essa a dinâmica. Além disso, ele deu início à sua participação em bailes e, mesmo tendo que percorrer longas distâncias para chegar lá, ele não deixava de dançar todos os sábados. “Dançava a noite inteirinha até de manhã cedo. Chegava em casa tinha que dar capim para os animais, enquanto não arrumava tudo não podia ir para cama.”

Durante sua vida, o Sr. Norival adquiriu experiência em obras e construção, administrou seu próprio bar e se envolveu com trabalhos relacionados à lenharia.

Quanto ao seu lazer e também para garantir seu sustento, Sr. Norival costumava pescar no Rio Paraopeba e até praticava a caça. Ele comenta: “Não pratico mais hoje em dia porque não posso, mas tinha um grande amor pela pesca. Pescava principalmente para alimentação.” Ele faz questão de destacar: “Eu nunca usei tarrafa, sempre pesquei com anzol.”

Em Ponte das Almorreimas, Sr. Norival possuía uma pequena lagoa em seu quintal, onde criava peixes. Devido às enchentes do Rio Paraopeba, grande parte de sua lagoa foi atingida e todos os seus peixes foram levados embora. “Arrebentou ela [lagoa], encheu de mato. A água represou no quintal. Ainda não recebi a indenização. A água veio de cima pra baixo, tomou conta da lagoa tudo, só ficou um pedacinho.”

No seu quintal, em Ponte das Almorreimas, Brumadinho, Sr. Norival tem plantação de milho, bananeira, mexerica, feijão andu, couve, cana-caiana, limão e mandioca, que ele afirma serem para sua própria subsistência. Além disso, tinha um gosto por nadar e aprecia jogar baralho, particularmente um jogo chamado bisca.

Perguntei a ele qual era o segredo de sua longevidade. Sr. Norival respondeu: “Nunca bebi. Nunca fumei. Comecei na roça e costumava dormir sempre quando dava 19h. Mais tarde, quando comecei a trabalhar, só saía aos finais de semana. Me casei e mantive a mesma rotina. Sempre fui de dormir cedo e acordar cedo. Hoje em dia, ainda vou para a cama às 19h, mesmo horário que ia dormir antigamente. Quanto à comida, é bastante simples: batata, mandioca, farinha e peixe, uma alimentação normal. A única coisa que não gosto é de angu.”

Sr. Norival sempre teve um carinho especial por Ponte das Almorreimas, apesar de hoje morar próximo a uma adutora de captação de água e mencionou que há muito barulho. Ele afirmou: “Mesmo com o barulho, não desejo sair daqui.” E concluiu com a seguinte reflexão: “Se você não quer encurtar sua vida, não procure veneno para si mesmo.”

Viva o Sr. Norival! Saúde, amor e paz!

Texto e fotografias: Felipe Cunha | Aedas

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