No mês em que se celebra o Dia do Pescador, 29 de junho, conheça a história de Maura e Marli, duas amigas unidas pela pescaria no Rio Paraopeba

Maura Aparecida, 59 anos e Marli Penha, 65 anos, moradoras e pescadoras de Citrolândia / Betim.
O Rio Paraopeba enquanto meio de cura, de renda e lazer
Maura é mãe de dois filhos. Ela nasceu em Belo Horizonte, morou em Esmeraldas e há 20 anos tem sua casa em Citrolândia, região próxima ao Rio Paraopeba na cidade de Betim. Marli nasceu em Osasco, mudou-se para São Joaquim de Bicas e há 6 anos mora próxima a Maura. Ela tem 3 filhos.
Antes do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, Maura e Marli desciam sempre juntas e passavam todos os dias da semana na beira do Rio Paraopeba pescando. Se alguém quisesse encontrá-las, era lá na beira do rio. Levavam almoço, lanche da tarde e ficavam até o anoitecer.
Mesmo com os danos causados pelo rompimento, elas seguem se fortalecendo, desejam saúde ao rio e a retomada do que mais gostam: a pesca


Na foto, Marli Penha no quintal de sua amiga Maura
“Pescávamos tilápia, lambari, piauzinho, bagre e outros. Fazíamos um dinheiro extra, comíamos os peixes. Depois que a barragem rompeu, acabou. A nossa pescaria acabou, nosso lazer, nosso sustento. Agora a gente fica com medo de entrar em depressão, pois só ficamos dentro de casa”, diz Marli, que chegou a acampar na beira do Rio Paraopeba por 3 dias. “Cheguei a dormir acampada com um pessoal que conheci, a Maura não, porque tinha medo [risos]. É bonito o rio quando amanhece o dia, os passarinhos começam a levantar voo.”


Na foto, Maura Aparecida em seu quintal
Maura relata que o Rio Paraopeba é um lugar de cura e “que a gente ia e ficava à vontade. Era a mesma coisa que ficar na casa da gente. Nos divertíamos, vendíamos os peixes (…). Hoje, se eu pegar um peixe lá ninguém compra. Hoje estamos cismadas com a qualidade das águas e dos peixes”.
A renda de Maura e Marli, atualmente, é o auxílio emergencial de meio salário-mínimo e benefício do governo [bolsa-família, no caso de Maura].
“Acabou a nossa alegria depois do rompimento, morreu o Rio Paraopeba e parte da gente também. A pesca para mim é saúde, diversão. É tudo! Além disso, a pesca me ajudou a superar a morte da minha mãe. Fiquei muito deprimida. Eu tomava remédio para depressão e melhorei bastante graças à pesca. Estou até hoje pescando. Mas não vou mais no Paraopeba, agora me desloco para mais longe para outros rios.” disse Maura.
Já Marli, que pesca desde os 9 anos de idade, relatou que a pesca foi sua companhia de toda vida, “A pesca é a coisa mais maravilhosa que existe no mundo.”



As duas amigas hoje se fortalecem e desejam a retomada de seus modos de vida e que o rio volte a sua saúde. “O rio é uma vida, e sem essa natureza que Deus deixou pra gente, não somos nada. Eu peço que as pessoas cuidem e deem mais valor”, finaliza Maura.



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Veja essa e outras matérias na 19ª edição do Jornal Vozes do Paraopeba
Texto e Fotografia: Felipe Cunha | Aedas