Livro “O preço de um crime socioambiental” é lançado em evento com lideranças atingidas e Ciranda da Aedas
Aconteceu no último sábado (13) o lançamento do livro “O preço de um crime socioambiental” de Marina Paula Oliveira, atingida de Brumadinho, que trata dos bastidores do processo de reparação do rompimento da barragem da Vale. O espaço de homenagens aconteceu na Escola de Medicina da UFMG, em Belo Horizonte, teve participação de diversas lideranças quilombolas, familiares de vítimas fatais, pescadores e contou com a Ciranda da Aedas, com a presença de mais de 50 crianças atingidas das regiões um e dois.



Nas atividades da Ciranda, as crianças puderam ouvir a história de Paraó e Peba, livro de Mônica Bonilha, encenada pelos educadores infantis populares. Ao longo da história contada, as crianças e adolescentes conheceram a trajetória dos personagens, dois peixes amigos, que se perdem após ouvirem um grande estouro e têm que viver todas as mudanças que ocorreram em seu lar, o rio.

O livro contextualiza de maneira lúdica, através do olhar dos dois peixes amigos, uma das maiores tragédias, desastre crime, ambientais do país: o rompimento da barragem de Brumadinho em 25 de janeiro de 2019.



Depois da contação de história, as crianças refletiram e dialogaram sobre a realidade dos peixes e a vinculação com suas vidas e os danos vivenciados por todos elas após o rompimento. Por meio das falas levantadas educadoras, educadores e crianças escreveram uma carta em que relataram os diversos danos que enfrentam no cotidiano. Elas também mostraram a importância do trabalho das ATIs Aedas, Guaicuy e Nacab.
A carta serviu como a denúncia das crianças pelos danos sofridos, mas também como anúncio da vontade delas de serem ouvidas e poderem participar da luta pela reparação integral dos seus direitos. Nesse sentido, o “manifesto” foi também homenagem à ativista e atingida Marina Paula, reconhecendo a sua contribuição para a luta dos direitos de toda população atingida pela barragem.
A programação da Ciranda incluiu também a hora do lanche, brincadeiras livres e a confecção de duas faixas, onde as crianças expressaram, através de desenhos e frases, o que foi dialogado durante a manhã de atividades: o direito das crianças e adolescentes atingidos e a importância do trabalho das ATIs. Participaram crianças ribeirinhas, quilombolas, da zona rural, da zona urbana e de assentamentos.
As faixas foram um presente dado à Marina, a fim de representar e devolver parte do carinho e respeito com as crianças atingidas e com a luta pelos direitos dos atingidos, que ela sempre faz questão de reforçar em suas falas nos diversos espaços que participa. Ao final do evento a carta foi lida para todo o público e a faixa foi entregue sob os aplausos de todos que ali estavam.


