O que a Assessoria da Técnica da AEDAS fez nestes 3 meses em Itatiaiuçu?

Para responder a esta pergunta foi realizado uma assembleia, no dia 20 de novembro, com a participação de atingidos e atingidas, os Ministérios Públicos Federal e Estadual e representantes da ArcelorMittal. Durante a assembleia foi apresentado um relatório das atividades trimestrais, um saldo dos trabalhos realizados e que informações já foram levantadas para a construção da Reparação Integral. Além disso, foi discutido sobre o TAP, Termo de Acordo Preliminar que em fevereiro completa um ano.

Em relação ao TAP, o procurador do Ministério Público Federal, Dr. Lauro Coelho Junior afirmou que o prazo do acordo é fevereiro, porém é preciso iniciar a discussão de uma prorrogação do Termo ainda este mês. O procurador federal também comentou que o processo com atingidos e atingidas está bem estruturado e que se sente gratificado.

Atingidos e atingidas aproveitaram a presença dos Ministérios Públicos e dos representantes para expressar como se sentem nestes quase 10 meses de acionamento do Plano de Ação Emergencial para Barragens de Mineração. “A minha categoria, os proprietários, geravam emprego. As pessoas que trabalhavam estão assistidas, mas nós estamos sendo prejudicados. Lutei a vida toda pra ter lazer. Meu sítio era minha vida, tinha há 18 anos. Minha família não vem mais. O sítio é meu e no momento, só serve pra Arcelor. Chega o final de semana e feriado e eu fico perdido, sem rumo, pois não tenho mais onde ir. Era acostumado a jogar bola no sítio, andar a cavalo e fazer trilhas com meus filhos, estou perdendo o convívio com eles”, desabafou David Fonseca de Souza da comunidade de Pinheiros.

A angustia das pessoas de atingidas em retomar suas vidas é grande. Para o atingido Crispim Pereira, da comunidade de Pinheiros era melhor voltar para sua casa, retomar sua vida do que ficar nesta situação de incertezas. “Queria falar desse auxílio, eu trocaria esse auxílio para voltar à minha vida. Esse auxilio não tá sendo tudo. Eu não queria ficar preso com a insegurança da barragem. Queria que resolvesse o meu problema”, afirmou Crispim.

Além de ser um espaço de falar de sentimentos, prestar conta e exigir solução, a assembleia também serviu para dar esperança as pessoas atingidas. “Parece que tem uma luz no fim do túnel. Ficamos 40 anos lutando para ter isso aqui e não sabíamos o que fazer e pelo que ouvimos do Mistério Público podemos conversar e resolver o problema, pelo que escuto da AEDAS agora já vimos que podemos resolver”, afirmou Leônidas Lucio dos Santos, de Lagoa das Flores.

Para a atingida Marlene Aparecida Borges, de Pinheiros a assembleia foi um espaço para explicar como está o processo e dar esperança de que as coisas podem se resolver: “Achei que foi legal, deu uma esperança para gente de alguma coisa. Esperança de que vai resolver, senti que as pessoas presentes também estão com esta esperança”, concluiu.

Três meses no Território

Dia 28 de novembro a equipe de Assessoria Técnica completa três meses de trabalho no território. Neste período foram realizados: 4 reuniões de apresentação da equipe, uma para cada comunidade, 7 reuniões da AEDAS com a comissão de Atingidos (as), 42 reuniões dos Grupos de Base, 4 encontros para a realização do DRP, Diagnostico Rápido Participativo, 6 reuniões da AEDAS, Comissão de Atingidos (as) e ArcelorMittal, 4 seminários temáticos e 8 reuniões com órgãos públicos. A equipe de Assessoria Técnica realizou 141 atendimentos e 19 visitas domiciliares.