População reivindica protagonismo e respostas práticas: “reparação integral é direito”.

Em um clima de esperança e disposição para os desafios colocados, dezenas de pessoas participaram da reunião de conclusão de 2022 das Comissões de Atingidos e Atingidas. O encontro aconteceu nesta quinta-feira (15) na Estação Cidadania, em Brumadinho, como um espaço de avaliação do trabalho e partilha sobre os caminhos para a reparação integral dos danos causados pelo desastre-crime na barragem da Vale, na Mina Córrego do Feijão.  

A abertura da reunião de balanço do acompanhamento da Aedas, Assessoria Técnica Independente (ATI), foi dedicada à um momento de silêncio e memória das 272 Joias que tiveram suas vidas interrompidas, motivo principal de todo o trabalho feito até aqui. Para que nunca se esqueça e para que não mais se repita. Em 25 de janeiro de 2023, o desastre-crime completa quatro anos.  

Em um primeiro momento, as técnicas e técnicos da Aedas apresentaram um panorama das atividades acontecidas neste ano e dos resultados sobre o Registro Familiar (RF), os Grupos de Atingidas e Atingidos (GAAs), Rodas de Diálogo (RDs), Seminário Temático de Mulheres e Reunião de comissões, lideranças e associações e consultorias, por exemplo.  

Veja aqui a retrospectiva do trabalho da Aedas em 2022
 

“Os atingidos e atingidas sempre falam das dificuldades, do quanto têm que se desdobrar para participarem de espaços como esse. Mas com certeza o compromisso que as pessoas têm é maior, pela conquista da reparação integral que é de direito. Somos gratas às comunidades, lideranças, famílias, comissões, associações por estarem juntos, sabemos que é no coletivo que se constrói”, afirmou Iasmim Vieira, coordenadora territorial da Aedas.  

O principal objetivo da reunião das comissões foram as trocas de expectativas para o processo de reparação integral no ano que vem. Entre tantos anseios e necessidades, as lideranças atingidas manifestaram o desejo por respostas práticas, por menos demoras, por informação e disseram ‘não arredar o pé’ da caminhada, como é o caso da Ilza Ribeiro, da comunidade Bela Vista.  

“A gente não tem que fugir da luta, é na luta que a gente tem que continuar. São quatro anos de tristeza, de perdas e sofrimento. Vamos continuar na luta. Não perderemos as forças!” – Ilza Ribeiro, da comunidade Bela Vista 

O atingido Silas Fialho, do Parque da Cachoeira, reforça a necessidade de que as opiniões dos atingidos e atingidas sejam evidenciadas. Para ele, a população atingida deve ser compreendida e respeitada como central nesse processo, com voz e participação.  

“Nós não queremos ser coadjuvantes, somos atores principais. Os principais prejudicados somos nós os atingidos. Quem conduz o processo em si, nos dê a oportunidade de participação de fato. Sabemos o que é necessário para suprir o que o crime gerou, como no físico, no mental e material de todos.” – Silas Fialho, Parque da Cachoeira  

Ciranda  

A equipe Ciranda da Aedas também se reuniu em paralelo ao espaço das Comissões. A partir de atividades educativas e didáticas, as crianças puderam brincar, partilhar e aprender sobre o processo de reparação, de um jeito mais compreensível para elas. Ao final, fizeram uma apresentação de jogral com o “Cordel de Reparação” na plenária – Leia aqui o cordel!  
 
 

Alguns números do trabalho por reparação integral em 2022:
 
Reunião de comissões, lideranças e associações 
40 reuniões, sendo 1 presencial 
1.044 participações de atingidas/os 

Registo Familiar  
38 novos Núcleos Familiares (NFs) – Total: 2.412 
244 novas pessoas registradas – Total: 8.106 
 
GAAs 
82 GAAs presenciais, com 1.242 pessoas 
59 GAAs virtuais, com 1.364 pessoas 
Total de pessoas: 2.606 
104 pessoas nos grupos apenas de envio de informações 
Acompanhamento feito por 29 mobilizadoras/es e 4 coordenações  

Agentes Multiplicadores – AGMs 
Total de 157 AGMs 
14 reuniões 
357 participações  

Consulta Projetos – Quilombos 
Participaram 65 pessoas atingidas dos Quilombos Rodrigues, Sapé, Marinhos e Ribeirão

Encontro de Atingidas e Atingidos 
Participaram 16 atingidas/os da R1 e 43 da R2, sendo que 12 eram crianças e adolescentes 
Ao todo foram envolvidas 37 trabalhadoras/es da Aedas