Vozes do Paraopeba – 28ª edição: Mulheres na luta pela reparação socioeconômica
É central que as mulheres tenham presença, representação e voz na estrutura de Governança Popular do Anexo I.1

Editorial: Atingidas são protagonistas no processo de luta pela reparação
Nos 5 anos de Assessoria Técnica nas Regiões 1 e 2 do Paraopeba, é possível afirmar que mais de 50% das pessoas atingidas, tanto na totalidade dos territórios atingidos, como enquanto lideranças no processo de luta pela reparação, são mulheres, negras, de diversas idades, mães, trabalhadoras e chefes de família.
As desigualdades já vivenciadas pelas mulheres na sociedade são aprofundadas nas situações de desastres ambientais, como é o caso do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão. E, ainda assim, são elas as que se fazem presentes na maior parte dos espaços de organização para garantia da reparação, como reuniões, encontros, audiências públicas, atos, entre outros.
Nas Comissões de Atingidos e Atingidas da Região 1, as mulheres correspondem a 65% das lideranças e na Região 2 a 66,03%. No coletivo de Agentes Multiplicadoras(res), que são responsáveis por difundir os conteúdos temáticos nas comunidades, elas são 66% na R1 e 56% na R2.
A Aedas entende as Mulheres como sujeitas prioritárias no processo de reparação.

Mulheres atingidas da Região 2, técnicas da Aedas e da Entidade Gestora Foto | Diego Cota – Aedas
São as Mulheres que lidam com a sobrecarga da jornada de trabalho, formal e informal, no espaço público e privado, alterado drasticamente pela forma como as famílias vivenciam os problemas de saúde física e mental, resultado da continuidade dos danos relativos à moradia, renda, falta de água, poeira e níveis de contaminação.
Com o início do Anexo I.1, elas, também exigem serem consideradas em sua especificidade, buscam a paridade nos processos de decisão, querem ser entendidas como sujeitas de seus próprios projetos, que atendam às suas necessidades de trabalho, renda, educação, cultura e autonomia. Essa reivindicação é prevista pelo próprio Acordo Judicial, que estabelece em sua cláusula 11.14, que “na efetivação dos Programas, Projetos e Ações, será reconhecida a especificidade das situações de mulheres, crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, doentes crônicos e demais populações vulnerabilizadas”.
Só com autonomia das mulheres haverá uma Reparação justa, capaz de diminuir e, quem sabe, eliminar as desigualdades vivenciadas por Elas, que são protagonistas da luta pela reparação.
Contracapa

Arte: Wagner T. Paulino | Aedas
Nesta edição você vai encontrar
📰 VOZES DA GENTE: Mulheres atingidas das Regiões 1 e 2 falam sobre a construção participativa do Anexo I.1.
📰 HISTÓRIAS ATINGIDAS: Íris e Margareth, de Piedade do Paraopeba, falam sobre o projeto “Aprendendo no Quintal”
📰 ANEXO I.1: Entidade Gestora inicia o trabalho dos 90 dias nos territórios.
📰 ACORDO JUDICIAL: Saiba mais sobre a Equipe de Diretrizes da Reparação Integral.
📰 ENTREVISTA: Dayane Assis, da Aedas, fala sobre gênero e desigualdade socioeconômica.
Veja abaixo a edição completa do Jornal Vozes do Paraopeba:
Você também pode solicitar uma versão impressa ao mobilizador ou mobilizadora que acompanha sua comunidade.


À Esquerda: Atingidas da R1 e à Direita: Atingidas da R2, no momento 1 com Entidade Gestora do Anexo I.1. No espaço, as atingidas apresentaram suas dúvidas e contribuições para os próximos momentos do Plano | Fotos: Valmir Macêdo e Felipe Cunha